Pensei que fosse apenas uma impressão minha o aumento no número de golpes durante esse período de isolamento social, mas então li uma matéria no jornal O Estado de São Paulo dizendo que, de fato, as tentativas de fraudes virtuais estão em alta. De 20 de março a 18 de maio, a busca de informações pessoais e bancárias de brasileiros na dark web (o submundo da internet) cresceu 108%, segundo pesquisas. Também o “phishing” que usa e-mail ou SMS para roubar dados aumentou 70%, segundo a Febraban. Esse esquema consiste em enviar mensagens que captam a atenção do usuário que, de boa-fé, clica em algum link e imediatamente tem seus dados roubados.
Golpe corriqueiro nos dias de hoje é a clonagem de um celular e, a partir dele, disparar mensagens para os contatos da vítima, solicitando um empréstimo de dinheiro, que deverá ser feito via transferência bancária para um terceiro, suposto credor. Os alvos estão geralmente ocupados ou distraídos, e não se negam a ajudar um amigo que parece necessitar urgentemente desse socorro. Realizam a transferência pretendida pelos bandidos para só depois perceber que caíram em um golpe.
Outra prática que vem crescendo assustadoramente é a velha e eterna clonagem de cartões de crédito. O meu, por exemplo, já foi clonado quatro vezes, incluindo a última, na semana passada. Quase sempre após eu fazer um pagamento pela internet, chega o aviso sonoro no meu celular de que compras foram efetuadas com o meu cartão. Nesse caso, além do susto, o prejuízo é com o trabalho de denunciar, cancelar o cartão e realocar pagamentos programados. Mais uma chateação da vida moderna. Já o golpe do sequestro dos filhos parece que está bem manjado, mas em seu lugar surgem outros mais modernos e convincentes. A bola da vez consiste em ludibriar pessoas com pesquisas sobre a pandemia de Covid-19. Todo cuidado é pouco. A criatividade dos criminosos não tem limites.
E por falar em golpe, essa possibilidade no que se refere à forma de governo tornou-se uma ameaça constante no atual cenário político. Vira e mexe vem alguém das Forças Armadas, do governo, do Judiciário ou do Legislativo negar a possibilidade de um golpe e garantir o funcionamento ordenado das instituições. Essas falas nos deixam ainda mais inseguros, porque a vivência democrática por si não carece de confirmação constante. O povo brasileiro está cansado. Sonha com a paz, com a convivência pacifica entre os Poderes da Nação, guardiães do cumprimento da lei e da segurança nacional. Como seria bom se nos víssemos livres de golpes, pequenos e grandes, e pudéssemos viver de forma pacífica e respeitosa, todos os dias do ano.
Se é para ter golpe, que seja só de sorte.
