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Aumentativo

Márcia Moreno Campos
Publicado em 30/05/2020 às 07:41Atualizado em 18/12/2022 às 06:43
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Segundo Yuval Noah Harari, a linguagem humana é incrivelmente versátil. “Podemos conectar uma série limitada de sons e sinais para produzir um número infinito de frases, cada uma delas com um significado diferente.” O sentido de uma palavra pode variar, dependendo da interpretação, desde o real até o seu oposto.

Todos nós aprendemos quando crianças nos bancos escolares o conceito de aumentativo e diminutivo nas palavras da língua portuguesa. Usamos o diminutivo para não só designar o ser diminuído em relação ao normal, mas também em muitas ocasiões para valorizá-lo afetivamente. Já o aumentativo acrescenta ao significado do substantivo ou adjetivo a noção de “grande” ou “muito”.

Dito isso, analisemos o termo “centrão”, tão conhecido e falado no cenário político brasileiro. Refere-se a um grupo de Partidos Políticos alinhados e coesos em votações no Congresso Nacional. Para manter a coerência ao nome eleito pelo grupo, as decisões tomadas deveriam estar ao centro de qualquer ideologia, longe, portanto, dos extremos, em equidistância harmônica. Nada mais falacioso. A realidade é que esse não passa de um ajuntamento fisiológico de partidos que participam de quaisquer governos, desde que sejam contemplados com cargos vistosos e orçamentos polpudos. Coerência não é exigida de seus participantes. Mudam de opinião e passam a defender o que antes atacavam, pois acima de qualquer convicção está a sobrevivência política, pela proximidade ao Poder.

Mais uma vez, o Centrão foi chamado a comparecer. E não se fez de rogado. Já defende abertamente as atitudes do Presidente atual e em troca recebeu muitos cargos em postos estratégicos, quer devido aos polpudos orçamentos, quer pela visibilidade eleitoral. E o Presidente que prometeu a nova política cedeu, meramente, por interesses pessoais. Nós, os eleitores, conformados e tristes, assistimos calados. Como querer que acreditemos na política? Para isso, precisaríamos contar com pessoas confiáveis e não vendáveis, que representassem nossos ideais de forma coerente e corajosa. Os Partidos Políticos no Brasil têm donos que se perpetuam no cargo. Para disfarçar, mudam de nome, não de atitude. E nossa decepção cresce cada dia mais. Até quando, não sei.

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