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Desunião

Márcia Moreno Campos
Publicado em 18/04/2020 às 10:44Atualizado em 18/12/2022 às 05:43
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Uma tática de guerra muito conhecida para levar à vitória consiste em enfraquecer o inimigo, fazendo com que ele se divida em grupos conflitantes e rivais entre si. Distraídos em combater uns aos outros, perdem o foco, negligenciando o inimigo em comum, que se aproveita desse vacilo e vence facilmente. Isso tem sido visto ao longo dos tempos em países do Oriente Médio, repletos de grupos de ideologias religiosas diferentes e, portanto, presas fáceis de ditadores cruéis, uma vez que a união entre eles é utopia.

O Brasil enfrenta um inimigo poderosíssimo, invisível e destruidor. Uma doença denominada Covid-19 (coronavírus), que vem ceifando vidas e colapsando os sistemas de saúde de todo o mundo. Estávamos nós, brasileiros, enfrentando o problema seguindo as orientações do Ministério da Saúde e dos governadores e prefeitos, todos atentos às recomendações da Organização Mundial da Saúde, até que o Presidente da República resolveu fazer um pronunciamento à Nação. Foi no dia 24 de março de 2020, quando, em cadeia nacional, ele se colocou na contramão do que vem sendo feito em todos os países e solenemente anunciou que a economia não podia parar, instando os brasileiros à desobediência civil e minimizando os efeitos de contágio e letalidade do vírus. Carreatas foram organizadas país afora pedindo a volta à normalidade, e ele, o presidente, deu o exemplo, saindo às ruas e confraternizando com apoiadores incautos. Deu-se então a divisão dos brasileiros. De um lado os que seguem a ciência e de outro os fiéis ao presidente. País enfraquecido, país vulnerável.

Pressionado pela voz dos sensatos, ele voltou a falar em 31 de março, e dessa vez no tom correto, ao afirmar que estamos diante do maior desafio da nossa geração, embora tenha mantido atitudes contraditórias. Claro está que divididos não venceremos essa batalha. Nós, povo, a despeito dos políticos, temos que nos manter unidos e solidários. Vamos sofrer as consequências econômicas duras, mas salvaremos vidas. Somos compatriotas. Amizades estão sendo abaladas devido ao tom de afronta entre pessoas que entenderam a gravidade da situação e aquelas que negam a realidade. Vai passar. E quem sabe será uma oportunidade de união, ainda que tardia, dos brasileiros que só anseiam um país justo, ordeiro, fraterno e livre de qualquer tipo de corrupção.

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