ARTICULISTAS

Reserva de cotas para mulheres

Márcia Moreno Campos
Publicado em 07/03/2020 às 09:24Atualizado em 18/12/2022 às 04:45
Compartilhar

O ato de expressar-se em público passou a ser um ato de coragem tal o grau de intolerância reinante na sociedade diante de opiniões contrárias. Os que não concordam com uma ideia ou posicionamento, ao invés de oferecer argumentos sensatos, partem para a agressão com xingamentos e desqualificações pessoais. Costumo opinar nesse espaço sobre assuntos diversos, busco manter coerência e coletar o maior número de informações possíveis sobre a questão em foco. Não é necessário sair convencido de um debate, mas é importante respeitar o contraditório.

Sendo assim, gostaria de abordar um assunto polêmico e atual, qual seja a exigência da reserva de cota de 30% em cada partido político para candidaturas de mulheres. O espírito da lei é nobre, de garantia à presença feminina em pleitos preponderantemente masculinos. Todavia, sua aplicação deixa muito a desejar. São várias as investigações em curso no país sobre candidaturas laranja, de mulheres que entram na disputa apenas para cumprir a cota e receber recursos do fundo partidário, sem nenhum compromisso com a eleição. O cumprimento da lei livra os partidos de punição, apazigua consciências, porém sem empenho, a medida é inócua. Tome-se como exemplo a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, formada totalmente por homens. Quero crer que mulheres se candidataram para a disputa, talvez muitas por imposição legal, mas nem uma delas se elegeu. Se, ao invés da lei, a escolha fosse livre, com condições facilitadas para ambos os sexos e tendo como exigência única a competência para exercer o cargo que se pleiteia, todos sairiam ganhando. Nós, mulheres, somos capazes de concorrer em igualdade de condições.

Não concordo com a fala de que se deve votar em mulher por ser mulher, e o seu contrário, de que não se deve votar, pelo mesmo motivo. É preciso muito mais que gênero para se qualificar. Um cargo pleiteado, seja no Executivo ou Legislativo, demanda preparo, competência, altruísmo, perfil adequado, ausência de vaidade e interesses particulares, projetos e muita dedicação.

Aventureiros não são bem-vindos, quer por vontade própria, quer por exigência legal. Já passou da hora de encararmos com muita seriedade os processos eleitorais, que nos custam caro, desproporcionais ao ato de apertar um botão na urna eletrônica. Que os qualificados se elejam, sejam eles homens ou mulheres.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por