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Caixa-preta

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi criado em 20 de julho de 1952

Márcia Moreno Campos
Publicado em 21/09/2019 às 12:48Atualizado em 18/12/2022 às 00:28
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi criado em 20 de julho de 1952, no segundo governo Vargas, tendo como principal objetivo o financiamento de longo prazo e investimento em todos os setores da economia brasileira. O governo petista em 2009, segundo delação de Antônio Palocci, viu no banco uma fonte de financiamento irrestrita ao seu projeto de poder e enriquecimento ilícito. O presidente de então visitava países amigos e oferecia financiamento a obras nesses países com juros camaradas, o que era prontamente aceito. Costurado o acordo, entravam as empreiteiras brasileiras coniventes, que pegavam a obra, recebiam o pagamento do BNDES, distribuíam a propina acordada e deixavam como credor o povo brasileiro. Desse esquema engenhoso o que se sabe hoje é que nenhum país pagou integralmente o financiamento, e o rombo bilionário é sustentado pela população. A isso dão o nome de caixa-preta do BNDES. 

Analisando as várias fases da chamada operação Lava-Jato e outras operações policiais em curso no país, o que se nota é que muitas caixas-pretas fizeram parte dos governos. Esquemas de desvios de dinheiro público foram montados e respaldados por obras que tinham como objetivo enriquecer partidos e donos do poder, independentemente do estrago que causavam à população inerte, carente e omissa, embora sendo a maior prejudicada. Usina de Belo Monte, transposição do rio São Francisco, Petrobras, Olimpíadas do Rio de Janeiro, Estado que foi saqueado sem dó pelo ex-governador Sérgio Cabral, e tantas outras fizeram parte do pacote de extorsão. Enquanto faltavam recursos para a saúde, educação, segurança, pesquisa, meio ambiente, sobravam para distribuição de propinas, cargos, benesses e mordomias jamais experimentadas pelo povo carente e crédulo.

O que quero ressaltar é a intempestividade das descobertas dos desvios criminosos. São raros os que são reprimidos enquanto estão acontecendo, ou seja, no seu auge. As ações de repressão geralmente são deflagradas após o fato ocorrido, o dinheiro surrupiado, a obra parada. Quanto seria economizado se a fiscalização fosse mais efetiva e imediata, inclusive pela população a quem cabe instar as autoridades competentes a agir. O combate efetivo à corrupção passa necessariamente pela transparência. Ingerências em instituições de controle sinalizam fragilidade na apuração de ilícitos. Será imperdoável se nos calarmos a quaisquer desvios. Corrupção tem que ser debelada na origem e durante o curso dos acontecimentos, doa a quem doer.

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