Diz a música que o tempo passou na janela e só Carolina não viu. Acho que ninguém viu e que ninguém vê o tempo passar. Ligeiro, implacável, constante, vai levando consigo nossas histórias, modificando aparências, causando ora alívio, ora estragos. E na passagem do tempo vão surgindo gerações com características próprias que permitem nomeá-las e classificá-las. Sou da geração batizada de “baby boomer”, que abrange os nascidos entre 1940 e 1960, fruto do aumento populacional após o término da segunda guerra mundial. Nossos hábitos eram totalmente diferentes dos adotados pelas novas gerações.
Minha infância foi destemida, despreocupada, saudável. Brincávamos nas ruas e usávamos a criatividade para transformar nossos brinquedos simples em algo mágico que nos cativava e prendia. Brincar de casinha, de pique de esconder, pular maré, eram as nossas opções na época. Por outro lado, distante de nós estava a preocupação com o desperdício de água, com o descarte de plástico, com poluição e contaminação do meio ambiente. Vivíamos no mundo da abundância.
Depois da minha, veio a geração chamada X, dos anos 1960 a 1980, e em seguida a geração Y, também conhecida como Millennials, de 1980 a 2000, e sobreposta a ela a geração Z, dos nascidos de 1990 a 2010. Essas últimas caracterizadas por um grande senso de responsabilidade social. São gerações preocupadas com o meio ambiente e a sustentabilidade do Planeta Terra, o que não é pra menos. Todos os anos o calendário marca o dia da sobrecarga da Terra, que é o momento em que o déficit ecológico supera a capacidade do planeta de providenciar recursos, face à velocidade do consumo da humanidade. 1969 foi o último ano em que a Terra suportou o tanto que consumiu. A partir de então o planeta começou, cada ano mais cedo, a consumir mais recursos do que consegue regenerar. Expoente dessa geração, a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, ficou conhecida mundialmente pelos seus protestos em favor do meio ambiente.
E eis que agora surge a geração alpha, dos nascidos a partir de 2010. É a chamada geração digital, porque os que a ela pertencem estão sendo recebidos em um mundo totalmente digital. E é nessa geração que deposito minhas esperanças. Acredito que as crianças que estão nascendo trazem em si um forte comprometimento social e ambiental, desprovidas das velhas práticas destrutivas e com inteligência capaz de encontrar soluções sustentáveis para abrigar tanta gente no Planeta Terra. Que sejam crianças imbuídas de um sentimento de paz, amor ao próximo, respeito mútuo e solidariedade, capazes de mudar valores, conceitos, hábitos e atitudes, utilizando os recursos tecnológicos para o bem. O Planeta agradece.
