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De grão em grão

De grão em grão a galinha enche o papo, diziam os antigos ancorados no sábio ditado popular

Márcia Moreno Campos
Publicado em 27/07/2019 às 10:13Atualizado em 17/12/2022 às 22:52
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“De grão em grão a galinha enche o papo”, diziam os antigos ancorados no sábio ditado popular. Cada dia que passa cresce minha indignação com o desperdício de dinheiro público em todos os níveis de Poder. E, com ela, minha convicção de que através de pequenas economias podemos estabilizar orçamentos domésticos, empresariais e estatais, coisa jamais testada de fato pelos governos. Vamos imaginar o quanto poderia ser poupado com o simples cancelamento dos imorais cartões corporativos, cujos gastos são tão supérfluos e desnecessários que, para não ser expostos, recebem o rótulo de secretos. Os candidatos a presidente prometem, em campanha, acabar com eles. Eleitos, fazem o inverso, como aconteceu nos dois primeiros meses desse governo. Em 2019, R$47,9 milhões já foram torrados. Imaginemos também o que poderia ser feito com o dinheiro destinado ao Fundo Partidário e ao Fundo Eleitoral. São dois fundos, um pago em duodécimos para manutenção dos partidos políticos e o outro disponibilizado em épocas de eleição. Para este último já existe uma proposta do deputado federal Cacá Leão para elevar o valor de R$1,7 bilhão de 2018 para R$3,7 bi nas próximas eleições de 2020. Dinheiro para campanhas não pode faltar, claro. Como também não falta para proporcionar viagens fantásticas a pontos turísticos ao redor do mundo para suas excelências, os deputados federais. De janeiro de 2018 a janeiro de 2019 foram gastos R$3,9 milhões em viagens “de trabalho” para nossos exaustos representantes. E ainda nem falamos dos gastos com propaganda, altíssimos em todos os governos; do luxo dos palácios; das mordomias; dos inúmeros auxílios somados aos salários; dos cardápios refinados nas mesas dos poderosos; do dinheiro que negado para pacientes que necessitam de procedimentos médicos urgentes, sempre aparece para financiar emendas quando se quer ganhar uma parada no Congresso; e tantos outros desperdícios. 

Desanimada com esse estado de coisas, tive o prazer de conhecer uma deputada estadual de Minas Gerais, pelo Partido Novo, a competente Laura Serrano. Ela se recusou a receber todas as verbas extras, exceto seu salário, e somente em quatro meses conseguiu poupar um milhão de reais. Uma única deputada estadual. Se multiplicarmos essa economia pelo número de deputados federais e estaduais do Brasil, teremos um valor estrondoso. Mas quem se habilita a seguir o seu exemplo? 

Infelizmente, porém, o que prevalece é a eterna desculpa de que esses gastos são pequenos face ao déficit anual de 139 bilhões. Mais fácil sacrificar os de sempre, o povo pagador de impostos, com reformas que lhe exigem sacrifícios, do que suprimir o desperdício de dinheiro público. Volto ao ditad de grão em grão a galinha enche o papo.

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