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Liberdade

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 03/05/2022 às 21:55Atualizado em 18/12/2022 às 22:59
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As cenas do vídeo chinês focando vários suicídios dos habitantes locais, desesperados com o novo “lockdown” decretado pelo governo devido a uma nova cepa da Covid-19. Dessa vez, a população foi lacrada nos apartamentos, sem direito de sair nem mesmo para comprar alimentos. Essa experiência de desesperança e pânico foi antecipada por panelaços e barulhos que sinalizavam a insatisfação com essas novas medidas draconianas, próprias de uma ditadura tirânica. Mesmo assim, o governo não atentou para os pedidos de socorro, continuando com o “fique em casa” já conhecido por todos nós.

As cenas são chocantes: o povo, desesperado, tem se jogado pelas janelas dos apartamentos em prédios altíssimos, e tanto os que estão nas ruas quanto os que estão nos apartamentos e vizinhos gritam numa tentativa de impedir a ação de autoextermínio, que se torna em vão. Também são mostrados enforcamentos e até mesmo aqueles que correm acelerados de encontro a uma parede, caindo sem vida no passeio.

Não sei por quanto tempo a imprensa irá permitir a veiculação dessas cenas, que também me impressionaram muito. São atitudes trágicas numa população até então ordeira, passiva e pacata. Podemos pensar o quanto estão se sentindo agredidos, trancafiados em cárceres privados. Aquilo que foi lar agora era prisão.

Apesar de notícias contraditórias, a Suécia adotou medidas diferenciadas do resto da Europa para o combate à Covid-19. Parece que não houve “lockdown” indiscriminado, nem proibições quanto ao setor produtivo. Adotou o distanciamento social como alternativa, sem abrir mão das liberdades individuais e comerciais em empresas, escolas e templos religiosos.

Quanto à África, temos notícias de que é um dos continentes com menor número de mortes por Covid. Em comparação com o Brasil, que teve 600 mil mortes, na África o número de mortes é de um pouco mais de 224 mil e tem um bilhão de pessoas a mais do que o Brasil.

Muitas foram as teorias para explicar o fenômen população mais jovem; respostas eficazes de saúde pública; subnotificação de mortes por Covid; cultura diferenciada; clima favorável.

Todas a teorias são questionadas, mas reconhece-se que, apesar da grande preocupação mundial na África, o número de mortes foi menor mesmo quando consideramos a densidade demográfica e o modo de vida do país.

Voltando aos suicídios que ocorrem na China, fica claro que o pânico e a desesperança se referem às medidas restritivas e à pressão midiática sobre a população, impedida de viver e até mesmo de se alimentar, por tempo indeterminado.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

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