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"Pensar hoje é resistir e sobreviver" (Karnal)

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 05/04/2022 às 19:33Atualizado em 18/12/2022 às 18:54
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A perda do interesse em atividades até então prazerosas, falta de vontade, pensamentos de ruina, amargura, sensação de vazio, isolamento e tristeza são sinais preocupantes, indicadores de Depressão, que pode terminar em suicídio, independente da idade. A depressão é um transtorno volúvel, ou seja, varia em tipos, intensidade e não tem idade determinada. Também é “coisa séria”, não é “frescura”!

A depressão pode ocorrer após o término de um relacionamento, a morte de um ente querido, dificuldades econômicas, perda de trabalho ou projeto pessoal que a pessoa não consegue superar – “virar a página”, permanecendo deprimida por muito tempo.

A apatia é mais característica do que a própria tristeza, falta energia para as mais simples ações, o cansaço é constante e a irritabilidade agrava o quadro. Pode acontecer também sinais no corpo (dores de cabeça, pernas, estômago), queda de cabelo, unhas quebradiças, alterações no peso, inchaço nas pernas. Pensamentos de ruina ou morte, desejo de suicídio, alteração da libido e culpa excessiva tornam a experiência depressiva um viver pesado, negativo e amargurado.

O que pensar ao refletir sobre a experiência de um atleta que, após ganhar seis medalhas das suas vinte e oito olímpicas, entrou em profunda depressão. Parece que durante muito tempo esteve totalmente focado nesse objetivo olímpico e quando atingiu um resultado positivo, de acordo com seus sonhos, durante tanto tempo acalentados, ficou sem desejos e objetivos.

Ter disponibilidade interna de ler e aprender coisas novas, ser gerente da própria vida, compartilhar as dificuldades do dia a dia, ter hobbies, investir no prazer pessoal, exercer algum protagonismo social, exercitar-se e manter hábitos saudáveis de vida são fatores imunizantes às defesas depressivas.

Muito se tem falado nessa coincidência entre a pandemia dos dois últimos anos e casos de depressão, por isso é importante afirmar que esta não cria um depressivo, ela apenas alimenta, ou seja, a estrutura é preexistente e o “fique em casa” foi o elemento deflagrante. No caso de o adolescente interagir com o outro na sua externalidade, é seu desafio maior, a grande ameaça do seu tempo de vida, as restrições impostas facilitaram a defesa e aumentou a dificuldade a ponto de radicalizações assustadoras. O importante, de agora em diante, é ter mil curtidas, e não um grupo de amigos. Em poucos segundos, falando ou escrevendo tudo que o outro quer ler e escutar, chega-se facilmente a milhares de curtidas – num piscar de olhos.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

 

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