ARTICULISTAS

A História Fora da História (continuação)

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 15/02/2022 às 19:56Atualizado em 18/12/2022 às 23:53
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Depois de uma travessia conturbada decorrente da falta de vento adequado à presença de embarcações inimigas, dentre elas os piratas, e até mesmo da falta de alimentos, eles, finalmente, chegam ao destino e aí começa a aventura de Hans Staden, quando foi aprisionado por índios tupinambás guerreiros e canibais.

Estando em Bertioga, no forte de São Tiago e, posteriormente, Santo Antonio, onde tinha um escravo – selvagem da tribo carijó que o ajudava nas tarefas do lugar –, mandou-o caçar e colher alimentos, que no outro dia buscaria na floresta. Ao amanhecer, saiu para a busca e foi apanhado em emboscada pela tribo tupinambás – um grupo de selvagens escondidos na mata, que inicia um grande alarido, rodeando o inimigo com lanças e flechas. Neste momento, cada um lhe tira uma peça de roupa até que ele fique totalmente nu, batem para amedrontar e não para matar, amarram corda em seu pescoço, mãos e pés e levam-no assim aos outros do grupo, que estavam na praia, perto das canoas. Também gesticulam mordendo nos próprios braços, significando que o comeriam.

Ele entra na aldeia aos pulos, gritando que era o alimento que comeriam mais tarde. As mulheres o recebem raspando seus pelos, até mesmo as sobrancelhas. Poupam a barba, atendendo ao seu pedido. Daí em diante, ele permanece sob constante ameaça de ser devorado. É entregue como presente ao chefe, que será a pessoa encarregada de determinar o dia da sua morte.

Como estava prestando serviços no forte dos portugueses, é considerado pelos selvagens um português inimigo da tribo. Inutilmente, tenta convencê-los que é francês, portanto amigo. Mas, mesmo assim, ganha tempo na espera de navio francês, que poderia autentificar sua origem.

Durante este tempo de espera, assiste à execução de um escravo carijó: a vítima é colocada de joelhos e recebe um forte golpe com “ibirapema” na cabeça. A seguir, inicia-se o esquartejamento do seu corpo para ser assado na grelha e, posteriormente, distribuído para todos – homens, mulheres e crianças. Um triste espetáculo para ele, que sabe do seu futuro!

No longo tempo que restou como prisioneiro dos tupinambás – nove meses e meio –, assistiu a vários rituais e participou ativamente nas guerras. Por ser cristão fervoroso, Staden cantava e rezava diariamente ao seu Deus, convencendo gradativamente os selvagens que tinha um Deus presente e protetor. Aos poucos, passaram a lhe pedir ajuda, solicitando sua interseção em situações de doenças ou tempestades, sendo atendidos em diversas ocasiões. Finalmente, um barco francês acolheu o alemão, levando-o são e salvo para a Europa, quando ditou sua aventura, posteriormente publicada.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

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