ARTICULISTAS

Novo capítulo da novela Covid-19

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 20/10/2020 às 19:45Atualizado em 18/12/2022 às 10:27
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Quando pensamos que já havíamos nos colocado todas as questões pertinentes à Covid-19, novas demandas se alastram agora em referência à vacinação – de onde virão as vacinas, serão obrigatórias, todos, sem exceção, deverão ser vacinados? Sem dúvida, a pandemia coronavírus, desde o início, mostrou sua capacidade arrebatadora ao trazer consigo tantas novidades controversas e consequências desastrosas, bem como pontos de vista divergentes e contraditórios na dependência do viés político/ideológico ou crença técnico/científica dos que opinam sobre a questão, e, neste caso, são todos que estão sujeitos ao contágio.

Em 1918 – quando findava o conflito armado conhecido como Primeira Guerra Mundial – o mundo viveu a expansão incontrolável de gripe muito forte causada pelo vírus H1N1 conhecida como “Gripe Espanhola”. Vale lembrar que a Espanha enquanto país neutro neste conflito era a única nação europeia que podia divulgar as notícias aterradoras sobre a evolução letal do contágio e as estatísticas sobre o número de mortes decorrentes. As outras nações envolvidas no conflito tentavam silenciar sobre esta pandemia que poderia ter sérias consequências no desenrolar da guerra. Mais uma vez as lideranças políticas manipulavam as notícias sobre a realidade da saúde mundial e da situação real do conflito ao qual se envolviam.

O Brasil passou por esta epidemia generalizada que guarda semelhanças com a atual pandemia distanciando-se sobremaneira em muitos outros pontos de diferenciação. O Arquivo Público Municipal de Uberaba guarda registros dos fatos ocorridos na cidade decorrentes dessa epidemia. Uma enfermaria de isolamento foi criada e os contaminados se isolavam ali até o desfecho pessoal. Os familiares que os acompanhavam até à entrada do prédio de isolamento, ali se despediam daqueles que, provavelmente, não mais veriam. Esse vírus se caracterizava pela fácil disseminação e rápido desfecho.

A grande diferença que nos salta aos olhos se refere ao isolamento restrito aos contaminados de antes e o lockdown estendido a todos da atualidade. Dessa vez, o “fique em casa” obrigou todos – contaminados ou não – a tomarem medidas pessoais de isolamento e restrição de liberdade desde o primeiro dia em que ficamos sabendo deste novo surto virótico. Assim a traumática experiência de isolamento e perda da liberdade pessoal foi exigida levando em conta somente dados de previsões estatísticas apressadas e sustentadas pelas leis da probabilidade que nunca se confirmaram. Mais uma vez a população viveu o sequestro da sua capacidade de análise da situação e busca defensiva inovadora e própria.

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