ARTICULISTAS

Experiência carnal de uma pandemia

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 10/06/2020 às 06:49Atualizado em 18/12/2022 às 06:55
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Encontro na palavra ABSURDO todo o significado dessa experiência vivida – a pandemia. Uma vivência que feriu as regras da lógica e as leis da razão. Não vejo racionalidade na notícia de um amanhecer quando a ordem para não trabalhar e não sair de casa foi divulgada. Coloco-me no lugar de pessoas, ainda celebrando os vestígios do Carnaval diante do slogan: Fique em casa! Em seguida, verdadeira avalanche de notícias totalmente estranhas: se precisar de consulta médica, procure um pronto-socorro, porque os médicos não estão atendendo seus clientes; seu plano de saúde não está valendo, mas você continua pagando as mensalidades; se precisar de comida, use o sistema delivery, porque os restaurantes estarão fechados; peça preferentemente pelo telefone tudo que precisar para sua casa; não visite os amigos, a família e os conhecidos; não comemore as datas importantes para seu viver; não faça compras, porque todas as lojas estarão fechadas até segunda ordem; não mande suas crianças para a escola, porque ela também está fechada; faça acerto com a pessoa que trabalha no seu lar para que ela também possa ficar em casa... Um esclarecimento muito importante – essas medidas visam ao seu bem-estar e sua saúde, estamos enfrentando um vírus mortal e de fácil disseminação que ainda não tem medicamento adequado devido ao seu repentino aparecimento! Mais um ALERTA: nos próximos 15 dias estaremos no pico do contágio da Covid-19.

O mundo virou do avesso. Estávamos presos em casa sem poder sair. A Prisão domiciliar foi decretada sem delito, julgamento ou punição. Em contrapartida, os delinquentes aprisionados foram libertados com tornozeleira eletrônica para evitar a aglomeração de pessoas e a possibilidade de contaminação em massa. Tudo foi pensado e determinado como uma avalanche de detritos.

O susto e o medo tomaram conta de todos. Obedientemente, confiando nas boas intenções das autoridades médicas e de governo, o povo aderiu às estranhas restrições nunca antes vividas. O calvário popular foi iniciado.

Depois houve extensão gradativa e constante da quarentena, que se tornou cinquentena, e até mesmo, quem sabe, prisão perpétua! A cada notícia veiculada o Pico de Contaminação estaria nos próximos quinze dias ou próximos quinze dias que nunca chegavam. Assim a confiança inicial do povo foi enfraquecendo até o questionamento de tudo e de todos.

Os registros históricos mostram sequência de fatos totalmente diversa. Primeiro a doença aparecia, tratamentos eram tentados e não conseguiam debelar o mal desconhecido pela medicina da época, o perigo do contágio era experimentado por todos e, finalmente, os contaminados eram tratados e isolados até o desfecho final.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

 

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