ARTICULISTAS

O país quer (e precisa) trabalhar

Dirceu Cardoso Gonçalves
Publicado em 06/05/2020 às 07:43Atualizado em 18/12/2022 às 06:06
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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela em seu levantamento sobre o Registro Civil que em 2018 morreram 1.279.948 brasileiros, o equivalente a 3.506 por dia. E não há qualquer alarde. No entanto, o registro de 2.471 mortes pelo coronavírus entre 14 de março e 21 de abril foi motivo para suspender as atividades econômicas, impor o toque de recolher e gerar profunda crise política com a demissão de ministro e pedidos de impeachment do presidente da República e outras autoridades.

O combate à pandemia merece todo empenho. Mas não pode paralisar o país e, de imediato, levar à fome os mais pobres, que, com suas ocupações muitas vezes informais, precisam ter renda todos os dias ou sucumbem.

A estatística da Covid-19 em São Paulo revela que o Estado já registrou 1.093 mortes, das quais 84,9% eram idosos ou portadores de comorbidades. Também mostra que o mal atinge moradores de 239 dos 645 municípios paulistas, a maioria deles na capital, região metropolitana e nas da Baixada Santista e Campinas.

Impedidos de produzir e auferir renda, empresários e trabalhadores clamam pelo retorno às atividades. É o momento de governadores e prefeitos, que fizeram as restrições, partirem em busca do ponto de equilíbrio. Liberar para o trabalho a população de menor risco e os moradores dos municípios onde não há infectados identificados, ainda que com a obrigatoriedade do uso de máscaras e outros cuidados profiláticos, é o mais sensato.

O coronavírus não foi o causador da crise no sistema de saúde brasileiro. Até porque a falta de leitos e vagas nas UTIs é decorrência de muitos anos sem investimentos compatíveis com a demanda, já tendo provocado a morte de muitos pacientes na fila de espera. O que pretende o sistema de quarentena é baixar a demanda de necessitados de respiração assistida. É a única alternativa para aplacar a negligência de sucessivos governos.

Os números são divergentes, mas dizem que a gripe espanhola matou entre 30 e 35 mil brasileiros em 1918, quando a população nacional era de 28,9 milhões de habitantes e os recursos científicos, técnicos e sociais infinitamente menores que os de hoje, quando somos maios de 210 milhões. Frente àquela pandemia, que impediu a posse e até matou o presidente eleito da República, Rodrigues Alves, a Covid-19, com sua baixa letalidade e mesmo com alta velocidade, não é tudo o que se tem alardeado e nem motivo para fechar o país. Flexibilização já!

Dirceu Cardoso Gonçalves

Tenente; dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo)

 

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