ARTICULISTAS

Irmã Loreto Gerbrim, Estrela do alto mar

A educadora, doutora em Geomorfologia, compositora, teóloga, religiosa dominicana permanece

Maria de Lourdes Leal dos Santos
Publicado em 20/05/2018 às 14:40Atualizado em 16/12/2022 às 01:26
Compartilhar

A educadora, doutora em Geomorfologia, compositora, teóloga, religiosa dominicana permanece presente no Museu da Capela do CNSD, onde hoje celebramos 100 anos de seu nascimento. “As pessoas queridas não morrem. Vivem em nossos corações”. Conquistou vários amigos especiais dentre eles o cantor José Vicente. Abaixo, transcrevo parte da carta endereçada a ele, quando ela completou seus 90 anos: “ Meu querido amigo, como agradecer o lindo presente que você me enviou? (...) Na minha festa só faltou você e a Graziela, das pessoas mais chegadas a mim... Sobrinhos, primos, amigos, ex-alunos, meu irmão Naby ... todos estavam aqui. Acho que tinha mais gente do que na recepção do Papa em Aparecida, por ocasião do CELAM!!!... Quase que mandei colocar duas cadeiras na frente do altar para simbolizar a sua ausência, pois eu acho que, “em espírito”, vocês estavam presentes. Só não pus porque, em dias de festejos, a pessoa festejada não faz nada que quer, não pode nem “tossir”, para não quebrar o protocolo! O canto foi muito bonito. A missa transcorreu segundo o rito, muito fervorosa... Até aí, tudo bem. Mas, no fim da Missa começaram as surpresas: Vieram sobrinhos, alunos até do século passado (década de 40, 50, etc.), que eu não via há anos e anos, relembrando o que signifiquei na vida deles. Falavam, e às vezes, choravam (sem lenços) ... e eu também me comovia e, às vezes, vertia umas lágrimas ( com um lenço microscópico)... Mas eu mesma não sei se era de emoção pelo que ouvia ou se de preocupação por pensar que, no final, eu devia “improvisar” um agradecimento, pra me mostrar educada, como sempre procurei ser... Afinal, depois de ouvir quinze ou mais pessoas, levantei-me... (O ato da gente se levantar faz perder o medo! Vocês sabiam?) E falei muita coisa, contando a trajetória da minha vida, a maneira como eu envelheci: não fiquei parada na janela vendo a “banda passar tocando sambas de amor...” Na festa da vida, eu agi assim: saltei logo a tal janela e entrei no desfile, sem medo de calejar os pés, de cansar minhas pernas de 90 anos e de ter faltas de ar... Assim, ingressei no processo histórico que está sempre em evolução e procurei ouvir a voz de Deus que se manifesta nos Sinais do tempo, como nos ensinaram João XXIII e Paulo VI, no Vaticano II. É por isso que, atualmente, impossibilitada de enfrentar uma sala de aula cheia de alunos, continuo minha evangelização por encontros em pequenos grupos e orientações individuais realizadas pessoalmente ou por meio de e-mails, de orkuts, etc. Resolvi me atualizar usando métodos novos!... E terminei citando um dos meus autores preferidos, da década de 1950. Ele escreveu “Estrela do alto mar” e nele dizia, falando do desenvolvimento de nossa personalidade: “Atai vossa carruagem na cauda de uma estrela!” A estrela se movimenta rapidamente, sempre subindo, subindo... adaptando-se ao ambiente por onde passa. Assim devemos agir: Não parar nunca... Eu já encontrei a minha estrela. Ela é Maria! Aquela para quem a Igreja canta, em seu belo latim indestrutível: “ Ave Maris Stella, Dei mater alma adque semper virgo, Felix coeli porta!” Atei a minha vida na cauda desta “ minha estrela” ... O povo parece que entendeu minha mensagem que lhes transmiti. Houve bastante aplauso. Muitos vieram me cumprimentar e disseram que iriam procurar a cauda de uma estrela para atar sua carruagem!” (...)

Que nós também entendamos suas palavras. Você já procurou a cauda de uma estrela para atar sua carruagem?

(*) Doutoranda em Educação

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por