Perigo em ano eleitoral

Recebi dia desses a sugestão de um amigo para compartilhar o que penso sobre o atual momento político, com quem me honra lendo os meus escritos ou escutam a minha fala. “É um desafio, mas os formadores de opinião não podem ficar de braços cruzados diante da grave situação política pela qual estamos passando”, pontuou o meu amigo.

Concordo com ele em gênero, número e grau. Essa concordância aumenta quando observo que milhões de brasileiros, pouco ou nada sabem sobre o valor do voto e ignoram literalmente a importância dessa procuração assinada a alguém, cujo compromisso é o de bem nos representar. Se assim não o faz, só podemos cassar a procuração no mínimo quatro anos depois.

É triste observar que, para angariar o voto do eleitor, esse é tratado pelo(a) candidato(a) como rei. Passadas as eleições, pode-se contar nos dedos de uma das mãos os eleitos que se voltam a seus eleitores. Precisamos ficar atentos, porque podemos até saber que seremos jogados para escanteio, mas conseguem mudar antes a nossa opinião, como o vento muda de direção. Quem é bom passa a não ser e, ao contrário, também é verdade. E o nosso voto cai no vazio.

Não há como negar que estamos carentes de conceitos basilares e, sobre democracia, embora ela seja tão decantada, acaba por habitar de forma confusa a mente das pessoas. Em certos momentos, tenho a sensação de ter desaprendido boa parte do que a duras penas aprendi. Pouco me adianta estar com o “telhado cor de neve”, ter 73 primaveras acumuladas, ler todos os dias para ampliar conhecimentos e, no ano eleitoral, ter minhas convicções ameaçadas. Estendendo tudo isso a milhões de brasileiros, o que podemos esperar?

Construir a própria opinião é pagar alto preço, daí porque muitas vezes aderir ao que já está pronto fica mais barato e conveniente. Muitos abrem mão do que pensam e chamam para si o pensamento dos que os induziram a pensar. Aí mora o perigo, principalmente em ano eleitoral.

Realmente, meu amigo H.M.F. tem razã é um desafio falar sobre o que é ter opinião própria. Vale a pena, entretanto, insistir no tema.