Pedro Lima

“Vai-se o homem, fica o nome. Vou voltar para os amigos de sempre: começarei tudo com mais amor. Agora compreendo o que é amizade, liberdade e felicidade. Só se dá valor quando se perde”. Com essas doces palavras contidas em seu livro; A linha do horizonte, o Acadêmico Pedro Lima termina a sua obra dedicada à literatura infantojuvenil, editada em 1990. Realmente, o seu bom nome ficou no seu lugar a partir de 19/04/2022, quando de nós se despediu, deixando vaga a cadeira nº 14 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Nos últimos 45 anos, cultivamos profícua amizade nascida no Centro de Formação de Mão de Obra, hoje Feti, e nos tornamos irmãos no meio acadêmico. Pedro Lima sempre teve o seu ombro amigo aos que dele precisavam. Ouvi sempre os seus sábios conselhos e, no dia 31/05/2017, graças à sua serena intervenção, hoje desempenhamos o terceiro mandato à frente do nosso sodalício. A ele serei grato para sempre.

“Agora compreendo o que é amizade, liberdade e felicidade...”. Poeta de primeira, repentista e trovador afiado, tirava de si quadras perfeitas que tocavam os corações ao seu redor. Sabendo que Pedro Lima pegou o caminho de volta, vem-me a cobrança: eu devia ter absorvido mais a prosa do homem que não jogava conversa fora, ter sugado suas definições sobre amizade e captado em grau maior seus conceitos de liberdade. E, finalmente, ampliar a compreensão sobre a felicidade. Não por acaso ele adorava Machado de Assis. Ambos eram autodidatas.

“Vai-se o homem, fica o nome”. Sim, o legado de Pedro Lima permanecerá entre nós para sempre. Era um mestre na acepção do termo, uma enciclopédia ambulante. Ensinava e aprendia ao mesmo tempo, usando sua didática sem arroubos, sempre mesclada com o afeto.

O patriarca da família Lima, o escritor, o músico, o marinheiro, o professor e o Acadêmico, ao partir, abriu em nós uma lacuna impreenchível.