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Zote: "Ô sô!..."

João Eurípedes Sabino
Publicado em 31/03/2021 às 19:10Atualizado em 19/12/2022 às 04:13
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No ato de tomar a agulhada de vacina antipandemia, pude observar alguns comportamentos humanos dignos de pararem nesta página. Impaciência, temor, desconfiança e outros bichos mentais estavam presentes. Em contrapartida, compareceram: a paciência, a coragem, a confiança e, o que é melhor, a vontade de viver!

Para os que não suportam fila, tomei a liberdade e falei:  a melhor forma de se ficar livre de uma fila é entrar nela. Os que suavam de temor, lhes aconselhei a usar o valor. Aos desconfiados, nada melhor do que dar um crédito e confirmar depois. Medrosos, instituam defesas para guarnecer as portas da casa mental, eu disse. E todos nos demos bem.

Fora da fila, um senhor já vacinado e com muito mais dias do que eu, passando-se por pândego e guardando distância, revelou: “Depois que vacinei, estou sentindo uma vontade esquisita de me apinchar num rio e comer peixe cru”. Por acaso, essa vontade é a mesma do jacaré? Perguntaram. Acho que sim, porque alguém disse que a vacina pode transformar a gente em jacaré! E parece que já estou me transformando num dos habitantes selvagens do Pantanal. Hahaha! Não teve quem contivesse as gargalhadas.

O assunto parece brincadeira, mas houve quem o levasse a sério e lembrou que é muito difícil existir uma vacina isenta de reações. Acertou o autor dessa frase, que pediu anonimato. Não discordo dele porque, quando eu era criança, as vacinas contra catapora, sarampo, varíola, varicela e outras, muitas vezes geravam baitas perebas onde eram aplicadas. Eu mesmo tive uma delas “azangadas” no braço direito, que deu água pela barba, de meu pai, é claro.

Esquecendo de quem falou que a vacina faz virar jacaré, não podemos olvidar que: “Certas palavras não deveriam ser ditas nunca, porque elas podem marcar para sempre”. E mais: “Uma palavra não dita pode ser uma palavra bendita”. E ainda: “Nada é mais eloquente quanto o silêncio no momento oportuno”. A psiquiálise – neologismo logosófico – na mente permite que sejam procriadas essas “ervas daninhas”, que acompanham e atrapalham o ser muitas vezes até o fim da vida.

Não resta outra coisa ao temeroso, ao desconfiado, ao inseguro, àquele que vê pelo em ovo e outras coisas mais, senão procederem uma cirurgia profunda para extirpar da mente essas “ervas daninhas”. Suavizando a conversa, vale lembrar o lendário Zote: “Ô sô! Morrê nós vamo todo mundo! A nossa obrigação é adiar a data!”.

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