ARTICULISTAS

Jabuti na árvore?

João Eurípedes Sabino
Publicado em 11/09/2020 às 04:20Atualizado em 18/12/2022 às 09:25
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Recebi de vários amigos um vídeo que, não fosse a sua importância histórica, eu teria lhe dado o destino merecido, como faço com assuntos, cujos conteúdos nada me acrescentam. Data máxima vênia, ou, “datíssima” vênia como aprendi com alguns monumentos jurídicos que marcaram a minha carreira enquanto perito de confiança do Poder Judiciário. Dito vídeo, tem como essência o histórico resumido de cada ministro do Supremo Tribunal Federal. Coitadinhos; não merecem tanto!

Ah! Que saudades tenho do tempo em que as três palavras SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL eram ecoadas e as paredes pareciam tremer. Ao serem invocadas pelo advogado, fosse qual fosse o motivo, a petição ganhava um peso que, em analogia, era como se fosse uma chapa metálica gravada. Saudade dos meus dias iniciais com os magistrados: Aroldo Sodré Mendes, Humberto Theodoro Júnior, Luiz Manoel da Costa Filho e Virgílio Machado Alvim. Os do meu tempo sabem...

E o tal vídeo, o que tem de especial? Resumidamente, nada, apesar de retratar a síntese curricular dos onze julgadores da mais alta corte de Justiça do País. Mas não se trata de membros supremos? Alto lá! São pessoas de saber jurídico (não sei se notável) e conduta...  essa escrachada pelo site Brasil Paralelo que publicou a matéria. Sem dizer da execração pública que faz Cláudio Lessa, o demolidor de Brasília.

Lembrei-me de um amigo que me contou a parábola do jabuti na árvore. Jabuti na árvore? Como assim, se jabuti não sobe sozinho em árvore? Eh... meu amigo, esse é o caso do STF. Se chegou lá é porque alguém o pôs no galho, não importando a forma.

Não consigo lembrar os nomes dos 11 jogadores da seleção brasileira (e olha que sempre coloco o Pavilhão Nacional em sua homenagem diante de minha casa). Já dos 11 do STF sei de cor e salteado. Por quê? É que a todo instante chutam bolas na trave, marcam gol contra, cometem pênalti e outras penalidades. Assim tenho que guardar seus nomes! A velocidade com que despacham deveria servir de exemplo para a Justiça brasileira, porém, por motivos óbvios, não podem ser copiados, infelizmente.

Do livro “OS ONZE”, dos jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber, pincei a preciosa frase do ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, na qual pontua sobre seus colegas que, naquela corte, atuam “onze ilhas”.

 Oxalá a humildade, própria dos maiores, permeie a alma daqueles 11 que se julgam ser apenas GRANDES. 

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