Flores; cor-de-rosa e amarela
Tenho concebido poesias diariamente em minhas caminhadas matutinas sem sair de casa. São cinco quilômetros todos os dias! Aqui, duas.
Primeira: O perfume desta flor.
Exala para quem sabe sentir / O aroma do mais puro amor / É inodora aos que o seu existir / Ignoram-lhe o enigmático valor. Nas caminhadas vou olhando / Detalhes que os versos reluzem / As vistas acabam buscando / Coisas simples que me seduzem. Não fosse a pressa que deixei / A impaciência que foi embora / Este seria um soneto que abortei. Emoção não se afaste de mim / Traga-me poemas a toda hora / Por favor não decrete o meu fim.
A pandemia do coronavírus, apesar dos pesares, tem me proporcionado raras oportunidades para observar cenas em detalhes. A rosa que lhes descrevi, trata-se de uma cor-de-rosa exalando agradável perfume. Ela mexeu comigo!
Como se não bastasse, junto à base do padrão de entrada de energia elétrica, vejo escondida uma bem minúscula flor amarela, cujo diâmetro das pétalas é muito menor do que a unha do meu polegar. Na verdade, pequenina, mas grandiosa pela mensagem pura que emana:
Segunda: Florzinha amarela.
Sou minúscula é bem verdade / Altura não tenho para oferecer / Mas em matéria de sensibilidade / Às outras em nada fico a dever. / No meu cantinho eremita / Sem ser vista por ninguém / Posso, porém servir de escrita / Ao poeta que me quer bem. Dediquem versos a mim / Afinal sou uma flor também / Ainda que eu sejam um “tiquim”. Perto do chão é que me convém / Tamanho nunca foi documento / Aqui serei grande como ninguém.
Perfumadas ou não, grandes ou pequenas, as rosas sempre nos expressam mensagens. Elas cabem inteirinhas em nossos corações. No peito dos homens e mulheres que nos dirigem, há jardins, porém muitas vezes áridos, onde as flores dão lugares a plantas cobertas por espinhos.
