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Hoje na minha rua

João Eurípedes Sabino
Publicado em 07/05/2020 às 19:57Atualizado em 18/12/2022 às 06:08
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Recebo sempre do amigo Fábio Augusto de Brito Ávila mensagens que compõem o meu cotidiano. Dia desses, duas fotos de flores traziam a sugestiva legenda “Hoje na minha rua”. De pronto lhe agradeci propondo que a frase fosse o título de uma crônica feita por nós. Ei-la aqui.

Minha rua está deserta sem crianças, jovens e idosos a caminhar. Esporádicos carros, caminhões, motos e bicicletas denunciam que a parada é geral, mas deverá arrefecer. Lojas, oficinas, restaurante, posto de gasolina, etc., aquietados, parecem não mais servir a ninguém, como era antes da pandemia do Coronavírus. Existe a solidariedade entre os vizinhos.

Não obstante, há algo de alentador hoje na minha rua? Sim. Maritacas, pombos e outros pássaros fazem a festa com raros cães e gatos que perambulam aqui e ali. Na quarentena e de longe, vejo no jardim do meu vizinho, esperançosos Manacás, Aloe Veras, Alecrins, Cravos, Escumilhas, Samambaias, roseiras e outras plantas. Que vontade de sair! Saio, mas para dentro e caminho 5 quilômetros todos os dias, em casa.

A seguir, o texto do conterrâneo Fábio Ávila:

“Desde que encontro-me em regime "semiaberto", em situação de reclusão involuntária, tenho descoberto peculiaridades do local onde vivo em São Paulo e das sensações perdidas e incrustadas no labirinto de minha.alma...Quando.faço.pequenas.caminhadas.para.espairecer.e.encontro-me praticamente só nessas poucas andanças, percebo a existência de múltiplas flores ao longo do meu percurso. Algumas são singelas, outras apresentam um colorido forte. Há também as pequenas flores, que nascem espontaneamente e surgem do "nada".

Na Minha Rua não tem palmeiras, porém as aves que aqui gorjeiam, gorjeiam como lá. Na Minha Rua há artistas anônimos, os quais nos oferecem os seus talentos em suas artes efêmeras, por um curto período de tempo. Como as flores, as artes murais também desaparecem rapidamente por ali. Durante os doze meses do ano ocorrem flores na Minha Rua. Sensibilizado e com olhar afetivo, resolvi criar nas redes sociais o grupo "Flores do Meu Bairro". Que surpresa! Muitas pessoas manifestaram o seu sentimento de felicidade ao enxergar essas graciosas criaturas que desfilam ao longo das calçadas de suas ruas”.

Conclusã a quarentena do Coronavírus nos permitiu realizar o fato inédito de escrever uma crônica a quatro mãos e nela expressarmos detalhes que noutra ocasião jamais seriam vistos. Grato, amigo Fábio Ávila.

João Eurípedes Sabino

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