É só observar

“O bem não deve morrer naquele que o recebe”, eis uma das máximas da Logosofia, cujo exercício parece fácil, mas no fundo encontra inúmeras barreiras para ser levado à prática. É que as culturas ocidental e oriental nos impingiram certos conceitos pontuais e, um deles, é o de fazer o bem sem o devido critério. E se esse bem recebido morrer logo ali? Contrariou princípios universais, embora há quem ache ao contrário. 

As leis que regem o bem exigem que ele seja dinâmico e não saber passá-lo adiante é o mesmo que não fazê-lo. Tenho um amigo que começou seu restaurante com quatro mesas plásticas e dezesseis cadeiras, hoje serve quinhentas refeições ao dia. Quando refletimos sobre a sua ascensão, ele foi taxativ “Uma ajuda que recebi no começo, consegui transformá-la em cinco apartamentos pagos”. Comentei depois com a pessoa que ajudou meu amigo e tive dela a resposta: “Nada é mais confortante do que ajudar uma pessoa e vê-la passando a ajuda à frente. Hoje o nosso amigo possui trinta colaboradores diretos. Isso e muito mais me enche de contentamento!”.        

Quantas ajudas recebi e recebo ao longo da vida! Dos professores bonzinhos, pródigos em me dar notas altas sem que eu merecesse, me recordo raramente. Os que me fizeram estudar são sempre lembrados. Quanto me alegro em ver ex-colaboradores meus, de primeiro emprego, hoje exercendo honradas funções! Uníssonos dizem: “Valeram aquelas exigências!”. E se eu tivesse sido só bonzinho com eles? Hoje por certo diriam que lhes prejudiquei.

A caridade compõe o elenco das Leis Universais, portanto, exercê-la a esmo é outra transgressão. Quem o faz, paga o preço depois.             

Concluindo, não é demais afirmar que quem ajuda deve ter o prazer de ajudar. E o ajudado, por sua vez, grato, deve se sentir feliz ao passar o bem recebido ao seu semelhante. Não sendo assim a caridade perde o sentido. 

É só observar.