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Nosso cartão de visitas

Eu daria tudo que tivesse / Pra voltar aos tempos de criança / Eu não sei pra que

João Eurípedes Sabino
Publicado em 19/09/2019 às 23:25Atualizado em 18/12/2022 às 00:22
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“Eu daria tudo que tivesse / Pra voltar aos tempos de criança / Eu não sei pra que que a gente cresce / Se não sai da gente essa lembrança”. Frases do poeta Ataulpho Alves, na Música “Meus tempos de criança” ou “Meu pequenino Miraí”. O certo é que eu era feliz e não sabia. 

Quantas vezes atravessei a pé ou montado na minha bicicleta Gulliver o pátio da Estação da Oeste, a Rede Mineira de Viação, trazendo na garupa um “pacotaço” de dinheiro vivo amarrado com borrachinhas. Zote me confiava aquele manojo dentro de um saco de papel para acondicionar pães. E o que eu fazia com aquilo? Entregava ao Sr. Adalberto Penna em seu posto de combustíveis situado na av. Barão do Rio Branco. Nada de ruim acontecia comigo.

Hoje, com boa quilometragem rodada, tenho medo de passar pelos mesmos caminhos. A praça que se chamava pátio da estação ganhou o pomposo nome de Dr. Carlos Terra, além de ser encimada pela Av. Donato Cicci. Nomes esses que estão gravados na história de Uberaba.

Por que tenho medo de passar por ali? Falo não só por mim, mas em nome da vizinhança. O local onde tem um arvoredo e adjacências estão literalmente abandonados. Não se parece com uma praça e isso é lamentável porque o bairro São Benedito é o mais “despraceado” de Uberaba. No meu último artigo mencionei que os “moradores da praça” recebem “muita caridade”, mas não uma oportunidade para sair daquela vida. Quem já viveu ao léu, como conheço tantos, sabe do que eu estou falando. Posso receber críticas, mas as pesquisas que fiz para escrever o livro “O andarilho; quem é ele?”, me defenderão.

Frequentemente tenho visto ali cerca de 20 pessoas entre homens e mulheres em plena orgia alcoólica. Todos têm uma profissão definida, mas estão num desvio que pode ser passageiro. Por que não canalizarmos seus talentos? Isso está sendo feito com sucesso pelo Brasil afora. 

Não há quem espere ônibus nos abrigos ali instalados que não tenha o temor de ser abordado e uma tragédia vir lhe acontecer. À noite, a escuridão cobre com seu manto um pequeno bosque que poderia ser transformado em praça de lazer e encontro de famílias. Não nos esqueçamos de que a praça Dr. Carlos Terra é um cartão de visitas nosso.

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