Quase dois anos de pandemia foram suficientes para afundarem a economia brasileira. O poder aquisitivo despencou. O dólar está nas alturas. O rico permaneceu intocável e o pobre virou miserável. A miséria se alastrou como uma chaga incurável. Até a velha inimiga da população brasileira voltou: a inflação.
A inflação tem assombrado o consumidor a cada ida ao supermercado. Cesta básica deixou de ser básica. A comida oficial do cardápio brasileiro, o arroz e feijão, ficou cara demais. Carne nem pensar! A população está vivendo à base de ossos. Isso mesmo! Restos dos açougues para o sofrido povo brasileiro.
O auxílio emergencial, que começou com modestos R$600, transformou-se em esmola. Uma família recebe um pouco mais de R$150. Quem consegue passar o mês com este valor?
A verba para distribuição de absorventes higiênicos foi vetada, como se fosse um artigo opcional. Mulheres vulneráveis – aquelas mesmas que estão passando fome ou se alimentando de restos – não têm acesso ao item de saúde essencial. Muitas deixam de ir à escola por vergonha quando estão “naqueles dias”. 2021 podia ser apagado da memória nacional. Retrocedemos, ao invés de avançarmos. Presenciamos campanha para a volta do voto impresso. Pessoas querendo o AI -5 (sem ao menos saberem do que se trata!!!), a volta da ditadura.
Vemos cada vez mais famílias morando nas ruas. Desempregados que não sabem se vão comer na próxima refeição. São tantas pessoas morando em barracas nas cidades, que o cenário lembra pós-guerra. Pessoas desnorteadas, sem expectativa e abandonadas.
Como podemos perceber, a guerra não é contra um vírus, mas sim contra a ganância das autoridades públicas. Enquanto os homens que detêm o poder brigam como meninos mimados, brincando de queda de braço da direita ou da esquerda, o povo luta pela sobrevivência. Neste cenário de comiseração, a única vitória foi a vacinação em massa. Com isso, chegaremos em 2022 mais otimistas em relação à pandemia e mais pessimistas em relação aos governantes.
E pensar que teremos eleições em 2022. Com o ex-presidente Lula elegível novamente, a corrente da esquerda parece armada para o combate. É bom lembrar que ainda é cedo para apontarmos o lado vitorioso. No entanto, independentemente do resultado, temos de torcer para que o futuro Presidente nos tire desse cenário tenebroso e nos transporte de volta ao século 21.
Lamentável afirmar que 2021 não vai deixar saudades. É um ano que queremos esquecer o quanto antes. Que 2022 venha logo, com muita saúde e felicidades a todos!
Euseli dos Santos
Advogado em Uberaba/MG - OAB(MG) 64.700; mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp)
