Que caminho você escolheria? O mais curto? O mais bonito? O mais seguro? O mais rápido?
O precrastinador escolheria o mais rápido, por ser adepto da precrastinação – ato de antecipar de forma excessiva a finalização de encargos, tarefas, ações...
Já o procrastinador, adepto da procrastinação – adiamento das atividades, dos afazeres, demora, delonga – deixaria para depois a escolha de qualquer caminho.
A precrastinação pode ser mais reconhecida do que a procrastinação no meio social, pois o precrastinador demonstra ser mais rendoso pela rapidez com que resolve tudo. É a quantidade de afazeres cumpridos que interessa ao precrastinador e não a qualidade do seu trabalho. Desse modo, o sujeito precrastinado não se preocupa com as tarefas de maior importância e sim com o maior número de soluções, o que impede a sua concentração para o mais difícil, dedicando-se ao mais fácil. O seu objetivo não é a perfeição, mas apenas a finalização da incumbência.
O fato de não ser capaz de instaurar urgências interfere na forma como o precrastinador atua em circunstâncias mais complicadas, sendo que, consegue executar apenas os encargos mais fáceis, esquivando-se dos mais difíceis. Na verdade, sua intenção é excluir tarefas ou encargos.
Por que esta forma de agir?
Esta forma de agir propicia ao sujeito mencionado uma certa satisfação pela realização de apenas uma tarefa ou empreitada, por mais simples que seja, o que lhe concede um sentimento de rendimento, o qual não é real, de acordo com os padrões.
Assim, um indivíduo, em várias situações do cotidiano ou no ambiente profissional, se sentirá profundamente desapontado, frustrado até, ao ser criticado pela realização – involuntária, neste contexto – de tarefas irrelevantes apenas e não importantes, pois por ser precrastinador, ele se sente realizador e não consegue compreender a reprovação que recebe, no lugar de elogios e reconhecimento.
O que leva o precrastinador a agir assim? A ansiedade, principalmente. Acontece uma relação entre o impulso e a ansiedade.
Tais como os procrastinadores, os precrastinadores ficam bastante aflitos e ansiosos ao executarem tarefas, pela necessidade de rapidez, e assim desperdiçam a ocasião de melhorar seu desempenho e acrescentar qualidade ao seu trabalho. A ansiedade faz com que o sujeito aja com ligeireza na execução de seus encargos e uma sensação de reconhecimento e um certo consolo são enviados aos seu cérebro. Entretanto, esta sensação de bem-estar e satisfação é passageira, desde que as pendências são verificadas, a aflição retorna com forte estresse provocador de cansaço físico e emocional e incapacidade de dormir adequadamente. E, ao entender a incompletude das tarefas, o sujeito se cobra eficiência e os sentimentos que o acometem são agonia, preocupação, impaciência, estresse, insatisfação intelectual.
Estar pronto para executar tarefas de maneira rápida pode parecer interessante, porém antecipar a finalização de forma exagerada também pode ser favorável e causar danos.
Sandra de Sousa Batista Abud
*Psicóloga clínica: [email protected]
