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Isolamento e Tolerância Construtiva

Sandra de Sousa Batista Abud
Publicado em 08/07/2020 às 07:02Atualizado em 18/12/2022 às 07:39
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Em tempo de pandemia, de Covid-19 que mata, em tempo de luta pela saúde e pela vida, estamos também, em tempo de isolamento social, na tentativa de evitar o abraço do novo coronavírus, através do contágio.

Isolamento... mas que tipo de isolamento?

Alguns se isolam sozinhos, mas muitos se isolam em duplas, em grupos, em família...

E então, com o tempo, com a convivência, conflitos podem surgir.

Conflitos... mas que tipo de conflitos? Conflitos em forma de divergências.

Por que divergências? Porque a convivência revela divergências onde se acreditava existir mais afinidades.

Na convivência aprofundada, exigida pelo isolamento, afloram as divergências de convicções, de pensamentos, de opiniões, de valores diversos.

Valores morais são representados por juízos, pensamentos e conceitos considerados corretos ou incorretos pessoal e socialmente, e os quais ainda são influenciados por fatores tais como cultura, tradições, religiões, educação, profissões e o cotidiano de cada um.

“Prezar os valores morais de um povo é uma das formas de garantir a convivência pacífica entre as pessoas, pois tais valores determinam como devem ser os comportamentos, funcionando como uma espécie de orientação sobre a forma de agir.”

Em tempo de isolamento e convivência intensa, uma escala de valores existente em cada um de nós aflora, cresce, provocando atitudes perante a vida e perante os outros, ou o outro – que está sempre ali – ou que estão sempre ali para receber, e apoiar ou contestar.

Surgem conflitos, ou não, os quais nos colocam frente a um conjunto de escolhas conscientes ou não. Estas escolhas pessoais devem se tornar conscientes, pois envolvem gostos culturais diferentes, ou divergências de valores que devem ser bem administradas no dia a dia dos relacionamentos e relações pandêmicas, ou seja, em tempo de pandemia.

Neste contexto, é cada indivíduo que vai escolher se vai conviver e como vai conviver com pessoas que manifestam opiniões e pensamentos divergentes e até diferentes convicções políticas, o que é muito atual. E, conforme o nível de divergência, exige-se maior habilidade de tolerância construtiva – movimento positivo em direção ao outro, considerando posições contrárias às próprias.

Interessa neste momento considerar a ética da convivência, assinalando que “ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam o comportamento das pessoas na sociedade visando o equilíbrio e o bom funcionamento social sem prejuízo algum para qualquer indivíduo. Assim, deve-se considerar valores que ferem a ética das relações e a defesa do convívio saudável e respeitoso, pois se trata de manter a ética da convivência e não de aceitação de divergência de opiniões apenas.

O respeito às divergências é muito importante, o diálogo significa muito, mas a manutenção da ética da convivência é primordial.

As divergências mais marcantes e que afetam a ética são as que envolvem preconceitos e desrespeito.

Qual é o nível de tolerância de cada um? Qual é a importância do outro para o divergente? Quanto se consegue conviver com as divergências? É necessário a mudança de opinião do outro para continuidade da relação?

Urge responder estas questões e, se necessário, cada indivíduo trabalhar a tolerância construtiva a favor da continuidade do isolamento urgente.

Psicóloga clínica

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