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Falando de Solidão

Por que as pessoas se tornam solitárias? Por que não abrem seus corações e mentes para o outro?

Sandra de Sousa Batista Abud
Publicado em 21/08/2019 às 21:05Atualizado em 17/12/2022 às 23:37
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Por que as pessoas se tornam solitárias? 

Por que não abrem seus corações e mentes para o outro? Por que se fecham em frieza e isolamento? Por que se isolam voluntariamente?

Solidão é o estado de quem se sente só.

Solidão é a situação de quem vive afastado da sociedade ou a sensação de quem se sente só inserido em um grupo social.

Solidão é atitude.

Solidão é o retiro, abandono, desamparo.

E a solidão a dois? É a condição de duas pessoas que, mesmo vivento juntas, não se comunicam e não se entendem.

E a solidão das grandes metrópoles? São Paulo, maior cidade do Brasil e uma das maiores do mundo, onde indivíduos se aglomeram, mais de 300 mil pessoas moram sozinhas em pequenos apartamentos ou hotéis, ou debaixo de pontes e viadutos ou ainda em lugares muito indesejáveis por muitos, como túmulos vazios dos cemitérios. São solitárias ou vivem sozinhas? Em São Paulo, também, conforme o IBGE, devido à solidão, dez pessoas tentam se matar diariamente. Por que as pessoas são solitárias no meio da multidão? Pessoas existem que fazem da solidão um instante tranquilo e repleto de serenidade, como os monges e os praticantes da meditação. Outras fazem da solidão um martírio e sofrem fechadas dentro de seus corações.

O homem moderno apresenta a característica de deixar os vazios humanos e o silêncio da natureza para o movimento eufórico das grandes cidades. É o fenômeno mundial da urbanização. E a solidão também é ruidosa e barulhenta. E o que acontece mais comumente do que se sabe é a solidão como doença que acomete homens e mulheres nas grandes cidades, os quais chegam à angústia, à melancolia.

E esta melancolia – estado de grande tristeza e desencanto geral – acomete não apenas os idosos, os cegos, os encarcerados, os enfermos, mas também o homem e a mulher comuns, os quais trabalham e lidam com o cotidiano. Qualquer um pode ser vítima desse tipo de sofrimento solitário, que é a sensação de abandono mundial, de rejeição e de indiferença entre os demais.

Nas multidões existe muita solidão. O ser humano reage aos estímulos do meio em que vive e nas metrópoles febris ele é, ao mesmo tempo, autor e vítima.

O solitário é aquele que se sente esquecido, sozinho, rejeitado e não obrigatoriamente o que está isolado. O isolamento – situação real que não implica sofrimento – se difere de solidão – forma de dor que varia de intensidade de pessoa para pessoa, de acordo com as ilusões usadas para enganar esta dor ou discernimento usado para diluí-la.

Urge tornar melhor o homem, e urge também tornar melhor esta sociedade terrível, modificando-a para que se torne menos cruel, menos egoísta, menos injusta e menos solitária.

(*) Psicóloga Clínica

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