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Não olhe para cima

Karim Abud Mauad
Publicado em 19/01/2022 às 20:20Atualizado em 18/12/2022 às 17:57
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Este título de um filme lançado recentemente pela Netflix, ao qual assisti num programa de família em um destes domingos chuvosos de janeiro, cumpriu o duplo objetivo de união do núcleo domiciliar e nos levou a refletir sobre este novo momento da humanidade. Vários são os filósofos que tratam dos caminhos atuais de nossa civilização, retratada em palestra do Karnal em 2015, “como um mundo líquido”. Esta palestra se encontra na internet e recomendo.

O filme em questão trafega, sem “spoiler”, pela irracionalidade política de atos midiáticos e dos percalços envolvendo valores humanos em uma película que vai da dor ao amor, com toda a superficialidade, narcisismo, futilidade e soberba destes tempos atuais.

Ao virar as costas para a ciência, ao provocar por puro interesse político a separação dos homens, ao alimentar iras desmedidas, apenas pelo poder, ao reduzir toda existência para a insensibilidade dos algoritmos, transformamos a existência em uma banalidade ímpar. A maneira rasa com o qual vários assuntos são tratados pela imprensa e abordados nas mídias sociais, gerando confusão entre excesso de informação, com quase nenhuma formação, nos remete a uma situação mundial que beira o caos.

Em sua arrogância guiada para o voto e para pequenos grupos, nossos mandatários, via de regra, buscam apenas se perpetuarem no poder.

Nestes tempos atuais, de alguma forma, contribuímos para estes fatos, pois queremos o pronto, o consumo rápido, ler e ouvir apenas o que nos agrada, fugindo de verdades reais e da necessidade precípua de aprofundar nos temas espalhados pelo mundo virtual, sem checar veracidade e conteúdo. E tome repetir, reclicar e opinar como autoridade de situações e fatos muito longe do seu cotidiano. Assim nos sentimos doutores em áreas do conhecimento que, de fato, ignoramos e nos sentimos integrados em uma realidade que não é a nossa e que afeta a relação no trabalho, com os amigos, entre marido e mulher, pais e filhos e por aí segue. Neste ponto somos de fato, massa de manobra. Uma pena.

Neste contexto recomendo que assistam a um vídeo curto, de menos de 5 minutos, onde a professora de filosofia Lúcia Helena Galvão, da organização Nova Acrópole do Brasil, chama-nos a refletir sobre esta alienação tão bem retratada no filme. Aproveite este período de férias, da necessidade de ficar mais recluso e assista a ambos.

O interessante é que a realidade do filme fala da vida de cada um. Vale a reflexão.

O desafio de lidar e transferir emoções para outrem, a busca ou a fuga de situações da vida nos é apresentada via tecnologia de celular. O formato escolhido para nos confrontar com estas situações passam pelo drama e a comédia. Estamos à volta com mais um cometa. Recomendo.

Sou da época do verso e do reverso. Hoje sou convidado ao metaverso. Novos tempos, velhos dilemas. A mudança deste novo paradigma do que é fim do mundo nos remete as atividades do cotidiano.

Neste janeiro de grandes precipitações e tragédias anunciadas, Capitólio e os arautos de plantão verbalizam muito do que este artigo propõe a partir da proposta cinematográfica. Não olhe para cima, mas cuidado ao olhar para baixo e ao olhar para os lados. A nossa vida merece ser bem conduzida.

Karim Abud Mauad

 

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