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O Reinado de Momo, sem Momo!

Karim Abud Mauad
Publicado em 16/02/2021 às 18:27Atualizado em 19/12/2022 às 04:43
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Neste reinado de Momo sem momo, ficamos pensando sobre este momento terrível vivido pela humanidade. Terrível sob diversos aspectos, pois ninguém imaginaria ver parar o rufo dos tambores, o ecoar do samba, independente de gostar ou não do carnaval. O fato não é inédito, pois em 1894, disputas políticas levaram à suspensão do carnaval no Rio de Janeiro. Em texto publicado por Machado de Assis, na revista A Semana, no dia 04 de fevereiro, ele se penitenciava... “no dia em que Momo for exilado, o mundo se acaba”. Este e outros textos do autor de “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, estão disponíveis no site machado.mec.gov.br. Aliás, para minha tristeza de apaixonado por esta festa popular, o bloco de quem não gosta é maior do que o bloco de quem gosta. Fato concreto é que, definitivamente, o Brasil não poderia se aglomerar após ter permitido eleições e não ter coibido festejos de Natal e Ano-Novo. Estes descuidos não isentam a população de sua responsabilidade, mesmo para quem não acredita no vírus. Hoje, no Brasil, em Minas Gerais e na nossa Uberaba, difícil achar quem já não perdeu um parente, um amigo ou um conhecido, no mínimo, para a Covid-19.

Para minha alegria e emoção, no sábado, 13/02/2021, minha mãe tomou a primeira dose da vacina, uma Coronavac legítima, e preciso informar que está em perfeitas condições de saúde, sem reações de qualquer natureza. Recomendo e já estou na fila, aguardando a minha vez. Rogo a Deus para que nos abençoe e que a vacina chegue para todos, rápido.

Outro assunto a ser lembrado agora, é a necessidade de se equilibrar saúde e economia, lembrando que a saúde econômica é mais fácil de recuperar, difícil trazer de volta a vida perdida. O mundo aumentou o endividamento, não apenas o país. Portanto, teremos problemas no médio prazo, mas para todos. População saudável alavanca a economia. Cientes desta premissa básica, ainda assim, e por isto mesmo, adoraria ver os nossos governantes, em todos os níveis, agirem para resolver problemas macros e micros da população de forma direta, com planejamento e ações concretas para atenuar o fardo dos geradores da atividade econômica e, claro, da classe trabalhadora. A pandemia precisa ser enfrentada por todos, com serenidade e sem barganhas de qualquer espécie. Isto serve para a cidade, para Belo Horizonte e para Brasília. Os governos e os governantes precisavam mostrar nitidamente, numa linguagem acessível para a população, o velho e bom livro caixa, com entradas, saídas e saldos, para que o sacrifício necessário e o desperdício abundante fiquem expostos para todos. Um exempl - era a demonstração de quanto representou o auxílio emergencial, comparado com o Bolsa Família, mas também quanto custava a rolagem da dívida pública com a Selic a 14% a.a , e agora com a Selic a 2% a.a. Em bom português, e não em difícil e muitas vezes em maquiagens contábeis e com artifícios do economês. Assim, todos saberiam qual sua real cota de sacrifício neste momento. Evitei entrar em números, pois demandaria um artigo à parte.

Carnaval sem carnaval, gera prejuízos em setores como aviação, alimentação, hotelaria, para citar alguns; decretos de restrições sanitárias também afetam determinados setores mais que outros. Imprescindível se faz tratar desiguais de forma desigual. Importante ao Poder Público, ter sensibilidade para lidar com setores mais afetados de forma diferente, criando estímulos e facilidades para estas atividades, evitando o fechamento puro e simples, pois qualquer porta fechada diminui a arrecadação de impostos e aumenta o desemprego. Saúde sempre, mas, repito, cuidado para não destruir indústrias, comércios, serviços em áreas que, por terem menor representação política ou classista, ficam desamparadas nestes momentos. A proposta é direta. Necessário fechar para manter distanciamento social, imediatamente trabalhar em conjunto com os governos estadual e federal, para medidas compensatórias. Direitos e deveres para todos. Com a palavra, quem pode resolver! Saúde sempre, mas medidas de apoio financeiro e econômico idem.

Karim Abud Mauad - [email protected]

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