ARTICULISTAS

Que Volte a Vida

Karim Abud Mauad
Publicado em 05/02/2021 às 08:47Atualizado em 19/12/2022 às 05:02
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Neste mês de fevereiro, poderemos viver estatisticamente números alarmantes de casos de Covid-19 em nossa região. Mesmo com a vacina e o rearranjo que deverá ocorrer no Comitê Gestor em nossa cidade, creio que cada um de nós deve fazer sua parte. Notícias de festas clandestinas, as várias burladas em orientações aos cidadãos devem servir de alerta para que cada um faça sua parte, protegendo a si mesmo e ao próximo.

Da mesma forma, o tão propalado assunto da volta às aulas presenciais e ou remotas, o chamado modelo híbrido, deve ser tratado com tranquilidade e clareza por cada comunidade escolar em seu próprio ecossistema. Sei que as escolas particulares terão um rito e as públicas, outro, ainda mais com Sindicatos e Justiça trabalhando neste assunto, sem ouvir todos os interessados. Este tema não deveria ser politizado. Aliás, nenhum destes temas. O ano escolar de 2020 foi perdido e parece que 2021 pode seguir o mesmo caminho, o que não seria bom para ninguém em nenhum aspecto, seja no conteúdo, no psicológico/emocional, na convivência social. O caos está posto para o Ensino Básico e até o universitário, mas, prioritariamente, no Básico; desastre iminente. A evasão escolar demostra este fato. Uma sugestão, se presencial ou remoto, os gestores da educação, diretores e vice-diretores das escolas e, principalmente, os professores deveriam se planejar para buscar este tempo perdido. Focar o ensino de Matemática e Português, de forma prática, com jogos, leituras, gincanas, de tal forma que o jovem retome o prazer do estudo, fará a diferença lá na frente, inclusive no quesito empregabilidade. Este binômio fortalecido, permitindo aos jovens somar, entender textos, ler, interpretar os exercícios de Matemática, ajudarão em muito na retomada, mesmo que apenas em 2022. Fica a reflexão!

No campo da política e da economia, tivemos no dia 1º a mudança de comando na Câmara dos Deputados e no Senado, com um jogo pesado para definir os novos presidentes. Passada a eleição, o senador mineiro Rodrigo Pacheco e o deputado alagoano Arthur Lira, prediletos do Executivo Federal, saíram vencedores. A pergunta que fica é: agora teremos as reformas tributárias e administrativas necessárias e prometidas?

Como tudo no Brasil, neste processo, as torcidas se organizaram nas redes sociais e o clima de eles e nós se instalou. Fico de longe com a percepção de que muita gente anda brigando com familiares e amigos por nada. Muitas vezes na vida, quando não se quer mudar nada, muda-se tudo, ou pior, finge-se mudar tudo para de fato não mudar nada. É isto que acontece, infelizmente. Não sei se o privilégio é só de Myanmar, mas, se olharmos para o show, teremos que o palco, os atores e o espetáculo estão postos e são os mesmos, em mais de duzentos anos, antes até da República. O que parece mudar é o mocinho de outrora, virando o vilão de agora, a heroína de antes, tornando-se a megera de hoje. Nós, pobres mortais, muitas vezes confundimos o ator com o personagem. Mas, no palco da vida real, tenho certeza que só temos um perdedor e este é o Povo. E olha que todos dizem fazer o que fazem para defender este mesmo Povo. Brasil... mostra a sua cara... Refrão repetido e atual.

No jogo da vida, alguns absurdos vão acontecendo, desde exemplos simples, como aumentos de preços injustificados (alimentação, combustíveis, anuidades de conselhos regionais, material escolar...), neste momento de perda de renda, até o absurdo do menino preso pelo pai, acorrentado no tambor em uma casa na cidade de Campinas-SP. O custo de vida no Brasil e a dificuldade de retomada do trabalho, notadamente pelas mulheres, conforme medido pelo IBGE e sendo elas chefe de família, merece ser avaliado com extremo cuidado pelos nossos governantes. O caso do menino demonstra o quão distante ainda estamos dos aspectos humanos nestes tempos de pandemia. Muitos achamos que o ser humano ia melhorar como um todo, mas parece que ainda não será desta vez.

Finalizo lembrando que a famosa frase que o ano só começava no Brasil depois do carnaval precisa ser repensada, já que neste ano não teremos o reinado de Momo. Vamos cuidar de vacinar para retornar à vida. Que volte a vida. Que voltemos a viver plenamente.

Karim Abud Mauad

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