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Mas e daí?

Karim Abud Mauad
Publicado em 29/04/2020 às 07:30Atualizado em 18/12/2022 às 05:56
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Nestes últimos dias estamos vivendo envoltos por um turbilhão de acontecimentos na esfera política federal que fez o coronavírus se tornar assunto de segundo plano. O que aconteceu no Brasil do dia 23/04/2020 até hoje, com a saída do Ministro Sergio Moro do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, foi no mínimo estarrecedor. O mundo em pandemia, a economia em queda livre, e para nós, já vindo em recessão e baixo crescimento desde 2014, é ainda mais alarmante. Impossível não lastimar o show de horrores perpetrado pelo então Ministro e o Presidente Jair Messias Bolsonaro. Uma certeza é inquestionável, só o povo brasileiro perdeu. Independente do lado escolhido, e neste campo a situação foi ainda pior, creia-me você perdeu. Quem gosta desta terra e da sua gente sabe disto. A onda da saída da crise econômica, que gerava expectativa positiva para 2020, foi atropelada pela pandemia viral no mundo, agravada pelas sinalizações contrárias na área de saúde pelo Presidente e o então Ministro Mandetta, continuou acelerada pela crise na Justiça, tornando este ano o caos. Nossos milhões de desempregados e subempregados, formais e informais, vão ganhar companhia em escala estratosférica. Aos 12.000 (doze milhões) de desempregados até fevereiro, poderemos incluir brevemente mais 4.000.000 (quatro milhões) de brasileiros na fila dos desempregados, ou já sofrendo alguma penalização na sua atividade laboral, em função da quarentena ou isolamento social. Hoje estamos praticamente chegando a 45 (quarenta e cinco) dias com restrição na atividade econômica. O sofrimento se potencializará após o retorno e o fim das medidas de ajuda para empresas, empregados e necessitados do país.

Neste momento, já dissemos aqui, deveríamos estar com as atenções voltadas para a retomada, com projetos estratégicos e de alavancagem na geração do emprego e do incremento da renda, sérios e detalhados, nada assemelhado com o apresentado em “power point” e que deixou desconfortável o Ministro da Economia, Paulo Guedes, cotado na linha de tiro para ser o próximo alvo. Tem gente em Brasília tentando atenuar ou evitar mais este dano. E não seria novamente um dano colateral, mas mortal.

Estou muito desanimado com estas irresponsabilidades dos nossos governantes. Por tudo posto e vivido, nossos problemas não se restringem a ser governados pela esquerda, direita, centro ou qualquer outra imbecilidade criada na seara das Fakes News. Isto nos emburrece, irrita, decepciona uns com os outros. O ruim é ser gerido por egos, ambições, falta de posturas, incompetências e má-fé. E esta sina brasileira não nos privilegia, pois atua igual a Covid-19, ataca independente de quem seja, mesmo potencializando e sendo mais letal para alguns grupos. Parece que o problema é ser governo.

No Brasil, forma e conteúdo, sempre são usados por qualquer dos lados, no momento do fato, dentro do interesse de quem o utiliza. O que valeu em 1500 não se aplicou em 1900, pode ser até lógico; mas o jeito de agir em 2014/2015/2016/2017 e 2018, para alguns, perdeu o valor em 2019/2020 e com certeza continuará em 2021/2022! A prática adotada antes, defendida por muitos, agora é combatida por quem a utilizou fartamente. Isto é estranho e tem dividido crias e criadores. Não é incoerente? O Herói de ontem ser desmitificado por quem sempre o idolatrou? Mitologia, para mim, só a Grega.

Novamente, e ilustrando estes fatos, o que leva Ronaldinho Gaúcho para prisão no Paraguai é um delito menor no Brasil, ou seja, falsificar documento de identidade, assim como a Sociedade Médica não deve aprovar plástica corporal por esta modalidade. Enfim, o Brasil continua mostrando sua cara.

E para piorar, eu, que sou um fã do personagem em quadrinhos Recruta Zero, fico perplexo com proezas do 01, 02, 03 e 04. Mas e daí? Vida que segue.

Karim Abud Mauad

 

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