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Futebol é a utopia do povo?

Esta frase FUTEBOL É A UTOPIA DO POVO, atribuída a um ex-ministro da propaganda de Adolf Hitler

Karim Abud Mauad
Publicado em 23/04/2019 às 18:54Atualizado em 17/12/2022 às 20:11
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Esta frase “FUTEBOL É A UTOPIA DO POVO”, atribuída a um ex-ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, durante o regime nazista - atrocidades contra a humanidade à parte, fruto de uma das piores épocas desta própria humanidade, que nunca deve ser esquecida para jamais ser repetida -, já foi muito empregada por aqui, principalmente, quando se quer atribuir ao brasileiro, seu pouco apego aos direitos, deveres e, principalmente, cidadania. Na época da então ditadura militar, que dizem hoje alguns nunca ter existido, onde o partido do governo naquele tempo, a ARENA, ia mal, tinha um time de futebol no Campeonato Nacional.  A Copa do Mundo de 2014 aqui e suas arenas, assim como os estádios de outrora, também serviram de base para demonstrar para muitos a mais fadada utopia popular do futebol, patrocinada por governos dito populares. Em suma, esta utopia propalada não é privilégio de A ou B, quando se deseja atacar ou defender um e ou outro, usando este apaixonante esporte como desculpa para a letargia da população  na reivindicação de um país mais justo, com menos impostos, burocracias, melhores serviços públicos - notadamente Saúde, Educação e Segurança. Outro famoso jargão, “O povo precisa de circo e pão”, não mais. 

Um apaixonado pelo Uberaba Sport como eu, herança de família por parte de pai e devoto corintiano por laços com a família da mãe paulistana, viveu neste fim de semana um sentimento duplo de muita tristeza pela queda do USC e, claro, de muita emoção pelo tri paulista do Timão. Neste misto de tristeza e alegria futebolística é que me veio à mente a famosa frase do título deste artigo e me propiciou tentar entender se de fato temos aí uma relação de causa e efeito. Para ficar no país sede da frase, nos parece que a Alemanha atual é um bom exemplo de país arrasado pela 2ª guerra e que se reergueu, sendo a principal economia da Europa, apaixonada por este esporte e que, independente disto, não se deixa entorpecer ou fragilizar pelos resultados obtidos por seus times e seleção. Paro aqui, para não chegar ao 7x1, e GOL da Alemanha.

O próprio estado e a cidade que abrigam o Mosqueteiro Paulista não deixaram de ser potência ou megalópole, por causa do futebol. E olha que sou torcedor da fila de espera por um único título paulista, e hoje só faltando na galeria de troféus o intergalático. Brincadeiras à parte, quando tiver, disputaremos representando o planeta Terra. Nesta linha de raciocínio até aqui adotada, parece que uma coisa não contrapõe a outra. Mas confesso que fiz isto para chegar a nossa terra, e mais, para entender este fenômeno aqui, onde um time está inativo há tempos e o outro desceu mais um degrau. Por estas bandas de cá, a ausência do grande futebol de outrora, que mobilizava a cidade e região - e lotava o Uberabão -, parece não ter contribuído para nossa maior pujança, concordam? 

No passado, as divergências políticas entre UDN e PSD, depois Arena e MDB... eram aplacadas ou minimizadas no USC e no Nacional, e a cidade vivia seu auge. Hoje, todos que se atrevem a ajudar os times profissionais locais são massacrados, como se a vitória fosse da torcida e a derrota de quem lidera - Luiz Humberto antes e Luiz Medina, agora pagam uma conta que não é só deles. Esta miopia eleitoral que atrapalhou e atrapalha a cidade, lamentavelmente chegou ao nosso futebol. Eu já escrevi aqui que estamos em 2019 e não em 2020. Quem me dera se estivéssemos na Primeira lá, e não na Terceira como estaremos. Quem me dera se pudéssemos disputar o pleito eleitoral de 2020 aqui, com o USC na elite do campeonato mineiro. Sou daqueles que não acreditam na utopia amortecedora, mas na falta dela como combustível para uma cidade melhor. Na era da mídia social, o futebol é apenas mais uma grande ferramenta para o entretenimento. A falta dele, ao contrário, caracteriza o momento de baixa que vivemos, atrapalhando as atividades empresariais diretas e correlatas, entre outros prejuízos. Medina e equipe recebam do caçula do Ramid Mauad, eterno presidente do Conselho do Uberaba, minha solidariedade neste momento de tristeza para o glorioso Colorado. As críticas, na sua maioria, não construtivas, injustas e exageradas fortalecem os sonhadores. A resposta cada um tem a sua, assim como o time de futebol. Vamos subir USC.

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