No artigo anterior escrevi que a obesidade é um problema de saúde pública. No entanto, outro distúrbio nutricional nos leva a acreditar que é na fome que encontramos os mais graves problemas sociais. As crianças, mostradas na figura, são portadoras de uma doença conhecida como Kwashiorkor. É um nome originado de um dos dialetos de Gana, país africano, que significa “aquele que foi colocado de lado” ou “aquele que vem antes” indicando que a criança mais velha foi desmamada, precocemente, do peito materno, pois a mãe passa a amamentar o irmão mais novo que acaba de nascer. A criança desmamada começa, então, a se alimentar de uma refeição pobre em proteínas. Essas crianças apresentam um enfraquecimento extremo por falta de alimentação (Inanição). A deficiência de proteínas é marcante nos meninos (as) com essa doença e causa o que, popularmente, chamamos de “barriga d’água” e, cientificamente, de ascite, devido ao acúmulo de água na cavidade abdominal. Ocorre, também, acúmulo anormal de líquido por todo o corpo, dando a falsa impressão de uma criança gordinha. Há aumento do fígado (hepatomegalia) devido ao grande acúmulo de gordura nesse órgão. O tratamento é feito pela ingestão de alimentos ricos em proteínas, como leite, ovos, carne, peixe, feijão e outros. Após a reposição desses nutrientes, a criança perde o líquido que estava acumulado (“a criança murcha”), mostrando o seu verdadeiro estado de desnutrição, ou seja, “pele sobre osso”. Algumas mães, menos avisadas, apavoram-se, achando que o estado de saúde de seu filho ou de sua filha piorou, mas esse é o caminho da cura.
Cerca de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo. No Brasil, aproximadamente, 14 milhões ainda estão no estado de subnutrição.
Como vemos, temos, de um lado, os obesos, devido ao mau hábito de comer exageradamente, e do “outro lado da moeda”, os caquéticos (aqueles que estão em estado de desnutrição profunda).
Costumo dizer que as pessoas, quando se trata de alimentação, morrem pela boca por dois motivos: comendo demais ou comendo de menos.