ARTICULISTAS

Melhorar o diálogo

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 10/04/2021 às 11:51Atualizado em 19/12/2022 às 03:56
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Acho que, dificilmente, aprendi tudo o que preciso saber sobre a comunicação. Gostaria, pelo menos, de ouvir mais e falar menos. Um dia, queria prestar mais atenção ao que todos têm a dizer, sejam gente, bichos ou vegetais. Sim, todos têm algo a dizer, cada um à sua maneira, é claro! Cabe a nós ouvir, respeitosamente. Parece que a humanidade caminha no sentido contrári todos querem falar mais alto, gritar, dar seu recado sem se importar se tem alguém ouvindo e entendendo. Eis um antigo dilema.

Quando garoto, passávamos as férias na fazenda do meu avô. Lá, não tinha luz elétrica nem telefone. Aliás, só a partir dos anos 1970 é que os telefones se tornaram comuns em muitas residências urbanas do país. No final dos anos 1980, serviços de radiocomunicação resolviam os problemas em propriedades rurais, até chegarem os celulares. Ainda há muito que melhorar, pois não é raro ouvirmos queixas sobre ausência de conexão, inexistência de sinal de internet, etc.

Nos anos 1960, raríssimas propriedades rurais tinham telefone. Na fazenda do meu avô, a comunicação era feita de três maneiras. A primeira, mais simples e eficaz, era pelo leiteiro, isto é, o motorista do caminhão que buscava o leite, todo dia. Ele levava e trazia recados, medicamentos, objetos diversos. Em segundo lugar, através de programas de rádio, mas esta era uma comunicação unilateral. A terceira opção era utilizar os poucos telefones existentes nos povoados próximos. Montávamos a cavalo, íamos ao povoado na expectativa de que o aparelho estivesse disponível e, então, podíamos conversar.

Num espaço de trinta anos, a evolução tecnológica foi imensa. De tão significativa e rápida, muitos ainda têm dificuldades para resolver suas necessidades de comunicação, muitas delas típicas de sociedades que não aprenderam a ouvir o outro, que não respeitam diferenças culturais. Proliferam comportamentos autoritários, excludentes e normativos em excesso, gerando atitudes que potencializam conflitos.

No meu tempo de menino, jamais imaginei que teria um celular à minha disposição 24 horas por dia, capaz de me conectar com o fim do mundo! Hoje, além da permanência do rádio, a televisão chegou a mais lugares do que se poderia imaginar e a humanidade dispõe do celular, com suas inúmeras facilidades para troca de mensagens e outras coisinhas. Um dos problemas recorrentes quanto ao seu uso são as normas de convivência. Certas questões não eram tão angustiantes, como quando o telefone tocava: atender ou não? Às vezes, era melhor fazer que não tinha ninguém em casa. Hoje, tem gente que briga se não o atenderem.

A comunicação é importante, tanto quanto acenos e gestos. Precisamos dar e receber notícias, dizer de nascimentos, mortes, pedir votos, trocar informações comerciais, falar da nossa produção intelectual. A comunicação tornou-se imprescindível no mundo atual. Mas precisamos melhorar o diálogo, tanto com nossos semelhantes como com os demais seres da natureza. De acordo?

Renato Muniz Barretto de Carvalho

Professor

http://renatombcarvalho.blogspot.com/

 

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