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Bibliotecas

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 07/03/2020 às 09:26Atualizado em 18/12/2022 às 04:45
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Existe algo mais complexo e carregado de potencialidades, em termos de diversidade cultural e significado pedagógico, do que uma biblioteca? Não falo como técnico ou estudioso do assunto, sou apenas um entusiasta, apaixonado por elas, interessado nas suas infinitas possibilidades. Elas interligam nossa responsabilidade com o passado e as perspectivas do futuro. Sua existência indica que há motivos para termos esperança num mundo melhor.

Escrevo este texto dentro de uma biblioteca — pelo menos há uma plaquinha na porta de entrada que assim a identifica. A porta aberta já é um convite, um bom sinal. Ao entrar, acendo as luzes, em seguida afasto as cortinas, e a claridade inunda de vez a sala ampla com duas janelas grandes, uma de frente para a outra, que permitem a circulação do ar sem a necessidade de aparelhos de ar-condicionado.

Quatro sofás confortáveis estão à disposição. Um aparador ocupa uma parede de um canto ao outro. É um aparador fechado, com portas de correr; dentro dele encontram-se várias revistas, além de documentos diversos. Não sei qual é o critério, mas tem de tud de revistas em quadrinhos a semanários ilustrados. No centro da sala há uma grande mesa rústica, sobre a qual se destacam um vaso de flores artificiais e um belo tabuleiro de xadrez. No outro canto, ao lado de um sofá, há duas mesas redondas, cada uma com quatro cadeiras. Sugerem mesinhas de estudo.

Num dos lados com janela fica a porta de entrada. No canto oposto, onde está a outra janela, duas estantes de madeira ladeiam um dos sofás. Este fato é que, talvez, explique o nome dado ao local: as duas estantes grandes de madeira, cada uma com doze prateleiras, repletas de livros. Calculo, rapidamente, que cerca de dois a três mil livros cabem ali. As prateleiras estão cheias.

Depois de abrir as cortinas, quero saber se há lógica na disposição dos livros. Algumas coleções agrupadas, de capas duras, com a mesma lombada e de tamanhos semelhantes, ocupam prateleiras intermediárias. Livros diversos, sem nada que justifique estarem juntos — e daí? —, ocupam as estantes mais altas. São livros de religião, autoajuda, esotéricos, turismo, manuais de mecânica de automóveis e trabalhos práticos de marcenaria, livros de culinária, paisagismo, história, geografia, personalidades históricas, etc. Na outra estante, predominam obras de ficção, de escritores famosos, de ganhadores do Nobel e de autores desconhecidos. Livros de literatura do mundo inteiro, com destaque para autores brasileiros. Nas estantes mais baixas, livros infantis e juvenis.

Não há controle sobre o acervo; cada frequentador pode pegar o livro que quiser e devolver quando bem entender. Tem coisa mais simples? Manutenção fácil, acesso irrestrito, mesmo que seja só para um cochilo. Bibliotecas nos convidam à leitura, são locais propícios à reflexão. Muitas instituições, públicas ou privadas, poderiam manter espaços assim. Só não faz quem não quer! São escolhas políticas e existenciais.

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