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O mundo está encolhendo

Existem sérias evidências de que o mundo esteja diminuindo de tamanho

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 29/06/2019 às 10:38Atualizado em 17/12/2022 às 22:05
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Existem sérias evidências de que o mundo esteja diminuindo de tamanho. Nada de pânico ou apavoramento, não se sabe ainda quando o processo irá terminar: pode ser rápido, mas poderá demorar anos, séculos. Melhor ter calma. O fato é que está acontecendo, quer seja plano, oval, quadrado ou um losango maluco, o planeta está passando por mudanças e o processo já começou. 

Qualquer um pode constatar isso na prática, basta caminhar pelas cidades brasileiras e verificar como é crescente a quantidade de lojas e pessoas que expõem seus produtos nas calçadas. Deve dar um trabalhão danado tirar a mercadoria pra fora todas as manhãs, exibir para venda e guardar tudo de volta à noite. É um sinal claro de que não cabe mais nada no espaço destinado às mercadorias no interior das lojas, obrigando os comerciantes a usarem o espaço público, constrangendo os pedestres a avançarem sobre os carros nas ruas já sobrecarregas de veículos. A mesma coisa está acontecendo com lanchonetes, restaurantes e botecos que têm mesas e cadeiras nos passeios e nas praças. Existem lugares dentro do estabelecimento, mas ficaram pequenos e faz-se necessário ocupar os espaços externos. Sem fazer crítica infundada, trata-se apenas de mais uma comprovação do fenômeno, pura interpretação neutra: o mundo está ficando acanhado.

Outra prova irrefutável: os antigos, amplos e arborizados quintais estão desaparecendo, alguém já escreveu sobre isso. Cedem lugar a novos prédios, a estacionamentos, são subdivididos em lotes menores, cada vez mais diminutos, nem dá pra imaginar que constroem residências neles; zero de área verde! Coitadas das crianças, elas estão perdendo seus espaços de brincadeira, os campinhos de bola, as trilhas para passeios de bicicletas, os parques para caminhadas. E quando as administrações municipais tapam os córregos? É porque precisam tentar reverter o processo, aumentar a superfície para os carros. Mal sabem que é inútil!

Como compreender o corte de árvores? Não deve existir outro motivo para sua erradicação e poda drástica do que o encolhimento do mundo. Cortam árvores para ver se surge um espacinho para um loteamento, um conjunto comercial, mais um pedacinho de asfalto, a construção de uma estrada, de um empreendimento industrial. Ah, o deslumbramento com o concreto infinito!

Uma das consequências da retração do mundo é o aumento no preço dos imóveis. Outra é a redução no tamanho da maioria das casas e apartamentos: já repararam como os banheiros estão cada vez menores? Nem cabem duas pessoas! O mercado e a lei da oferta e da procura são implacáveis, mas desconfio que alguns espertalhões estejam se beneficiando da diminuição dos espaços disponíveis. 

O que se espera é que o encolhimento do mundo não signifique também o apequenamento dos cérebros humanos e sua capacidade de raciocínio. As coisas estão interligadas: quanto mais o mundo encolhe, menor a capacidade de reflexão sobre os fenômenos. Ou será o contrário?

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