Vivemos num tempo em que a fome existe porque os homens não são capazes de dividir. Há tecnologia para que todos possam se saciar com as bênçãos da mãe natureza. Tudo poderia ser harmonia, pelo menos no estômago. Por outro lado, desenvolvemos aqui, no Brasil, uma cultura do temos que ganhar porque somos oprimidos, explorados, vítimas do sistema. Certamente, que diferenças devem ser compensadas por políticas de integração, desenvolvimento e oportunidades, mas o que não se pode é lecionar o parasitismo. Isso é coisa de berne e carrapato. Há vários tipos que não produzem, só subtraem. Existem muitos modos de se subtrair desonestamente, até se fazendo de vítima. Mas esse fenômeno não tem se limitado à órbita do material. Tem se infiltrado a tal ponto no âmago social que ultrapassa o efeito estomacal de se matar a fome, de se nutrir fisicamente. Estamos vivendo a fase gravemente preocupante da carência afetiva, carência de afagos e consideração. Não por falta de sentimentos a compartilhar. Todavia, neste caso, não sabemos é multiplicar. O efeito cômodo de se fazer de vítima é o alimento efetivo para a depressão, o vazio, o suicídio. Não estamos conseguindo produzir e multiplicar é o amor. Queremos, como parasitas, apenas sugar do amor alheio, sem amar. Queremos festejos sem festejar. Queremos ser honrados sem honrar. Queremos afagos, sem afagar. Temos que entender que para colher temos que plantar, que para sermos amados temos que amar, numa equação correspondente e reflexiva da ação e da comunhão de todos. Amar para ser amado. Não se sustenta o oportunismo confortável de querer ser amado sem amar, sem doar. Amar ao próximo como a si mesmo! Amando apenas a si na condição parasita de vítima que apenas cobra, reclama, leva à falência material ou, na ausência do amor, leva à depressão, ao suicídio, à falência espiritual. Não parasite, construa.
