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O despertar das almas

Ouvi de um filósofo e concordo: Há algo de heroico numa busca interior...

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 19/03/2016 às 20:10Atualizado em 16/12/2022 às 19:39
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Ouvi de um filósofo e concord “Há algo de heroico numa busca interior”.

Momentos de crises coletivas e individuais como os que estamos vivendo geram indubitavelmente reações confusas, adversas e doloridas.

Mentiras e verdades se contrapõem numa velocidade cósmica.

Já não cremos em fatos, em pessoas, em instituições. Até o Supremo Tribunal Federal, “última instância da cidadania”, anda coberto por espessas nuvens de denuncismo.

Estamos à beira do abismo.

E nesse momento posso escolher ser como C. Lispector – Me empurre que aprendo a voar – ou, então, me interiorizar e me apropriar de minha alma milenar.

Aprender a gerenciar emoções e pensamentos com maturidade mesmo em momentos de grande foco de tensão.

Perigoso dizer, mas ando orgulhosa de fazer parte dessa epopeia universal de mutação.

Não! Não gosto do que ando vendo, sentindo e lendo. Mas, há tempos muitos de nós sentíamos que seria necessário escolher entre os diversos menus que a vida vinha nos oferecendo para degustar. Que o autoengano que nos ajuda a manter situações ruins e ficar inertes deveria dar lugar à disciplina e a busca do autoconhecimento.

A tentativa de nos olharmos do avesso pode gerar imensa dor e até reclusão.

Extrair da consciência condicionamentos seculares e o veneno da ignorância é um processo árduo e talvez infinito.

Há tempos minha alma geme, chora e clama para ser arejada! Tento assumir com honestidade meus atos, minhas funções maternais e sociais, a ser contemporânea de meu tempo.

Mas, se para onde olho há pecado, desajuste e ódio, devo aprender a andar sem cair, sem me corromper.

Embora acredite que a introspecção seja individual, somos todos um só! Culpados e inocentes! Farinha do mesmo saco!

Posso não ter sido a cabeça que engendrou toda a ação danosa, mas com certeza me calei perante pequenas ações ingênuas que culminaram no grande caos. Seremos sempre responsáveis pelo mal que promovemos, mas igualmente culpados pelo bem que deixamos de praticar...

Somos fatalmente o reflexo daquilo com que nutrimos nosso corpo, nossa alma, nosso pensar e agir.

Minha paz interior há tempos tem sido minha meta de vida. Governar a mim mesma, buscando a verdade imutável que existe em algum lugar no meu mais profundo âmago. Até quando puder aguentar!

Só assim poderei ajudar a transformar meu país, onde ainda se acredita que a igualdade será imposta pelo massacre dos mais ricos e produtivos e não pela educação integral que gera autoconhecimento e o despertar das almas.

É urgente que atentemos para a pobreza de recursos físicos, morais e intelectuais que estamos vivendo. Esse sim é um desafio a ser vencido ou estaremos fadados a continuar a ser um país tupiniquim. 

(*) Mãe de família

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