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Quanto custa um novo governo?

No Brasil, a política é uma atividade que se desenvolve no tempo de política. Eis que 2018

Solange de Melo M. N. Borges
Publicado em 16/05/2018 às 21:29Atualizado em 16/12/2022 às 04:12
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No Brasil, a política é uma atividade que se desenvolve no tempo de política. Eis que 2018 é um desses tempos. Uma vez mais, os brasileiros aguardam o dia de uma eleição para os mais importantes postos de condução dos destinos do país, dos estados e dos municípios.

Confesso que sinto enorme desconforto em lidar com o tema. Apesar de, na sua essência, estar revestido da maior importância, é precário pensar que, de maneira generalizada, não promove o sentimento de felicidade cidadã aos olhos dos eleitores, entre os quais eu me incluo. Um ambiente de regras incertas, fragilidade das instituições e falta de lideranças, o que sobressai é uma certa dose de histeria política que não ajuda em nada na hora de fazer as escolhas. Além disso, os eleitores não acreditam no sucesso de suas opções, uma vez que o farto relato onde mandatos eletivos atuais venderam seus votos por prosperidade material e relegaram os valores éticos de forma deplorável jogou na vala comum da desconfiança mesmo aqueles candidatos que possam apresentar propostas menos desprezíveis.

O quadro que se apresenta à sociedade brasileira, no momento atual, desautoriza a noção de governo representativo. A judicialização tomou o lugar das discussões políticas. O exercício de poder de forma ilimitada e contraproducente envolveu desde a distorção deliberada das informações até a divulgação de benefícios sociais cada vez mais abrangentes, o que enfraqueceu qualquer resistência contrária à retórica oficial. Dessa forma, o esquema “um governo que tudo pode” se fez com novas formas de vida – riqueza e prestígio – para os seus. Os programas sociais não passaram de moeda corrente para as negociações políticas.

Por certo, governar o país depois dessa grave crise moral e de competência não será uma tarefa confortável. A herança do clientelismo como força política será um fantasma a mostrar as evidências de fazer do consenso social a principal arma para alimentar o poder em suas aspirações, cujo elevado custo social é evidenciado pela tragédia de mais de 13 milhões de desempregados em todo país. Nesse sentido, as perspectivas são inquietantes. No quadro que se tem, ainda é de muita preocupação o fato de, mesmo com todo o processo brutal de conscientização a que foi submetido, o eleitor ainda tem o seu voto como mercadoria de compra e venda. Isso equivale a dizer que não é o melhor juiz na hora de optar.

Logo, diante de um quadro de absoluta deterioração da credibilidade do Governo, das regras jurídicas e dos políticos, em geral, quanto custará o novo governo para o Brasil? Enfim, quais serão os requisitos para o comando desse nosso País? O mais alto valor será cobrado por um clima de comprometimento ético, em que a população venha a ser respeitada. Logo em seguida, o sentido do interesse público representado por uma fatura que indique como prioridade as políticas públicas urgentes. As escolhas deverão ser providas por um governo legítimo, imparcial e bem assessorado, um guardião do bem-estar de todos. Por fim, se atendidos, esses instrumentos serão peças fundamentais para um equilíbrio forte que produza resultados econômicos eficientes e, ao mesmo tempo, conduza ao lançamento das bases sólidas de uma sociedade moderna e democrática, enfim!

(*) Economista; professora

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