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O Capitalismo Moderno e as Metas Humanistas

Em 1961, foi divulgada pelo Papa João XXIII a encíclica Mater et Magistra (A Mãe e o Professor)...

Solange de Melo M. N. Borges
Publicado em 26/02/2018 às 07:41Atualizado em 16/12/2022 às 01:41
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Em 1961, foi divulgada pelo Papa João XXIII a encíclica Mater et Magistra (A Mãe e o Professor), que procurava um diálogo pacífico entre a sociedade que buscava a justiça social e a liberdade. Mais uma vez, as cartas papais colocavam a opinião pública em posição de defesa de um igualitarismo descabido.

No Brasil, um modelo de proteção social todo inspirado no catolicismo do tipo paternalista, com vistas para a caridade, acentuou ainda mais a dependência das famílias pobres relativamente às doações, transferências e esmolas, consolidando um modelo de persistência do clientelismo e da apropriação de recursos públicos pelos setores que passaram a ser responsáveis pela manutenção das famílias em situação de risco.

É muito comum ouvir junto à população mais carente que todos os benefícios que lhes negam, desde a falta d’água – que, por incompetência política ou corrupção, não foi resolvida –, até o número absurdo de filhos famintos ou que morrem por falta de condições de sobrevivência, um dia sejam providos por Deus. Para essas pessoas, o futuro a Deus pertence! “Como ficou confortável para os responsáveis pelas políticas públicas que estão sendo negadas a milhares de famílias miseráveis que seja assim encaminhada a questão”! O mais intrigante é que a Igreja Católica não move sua ira contra esses políticos, que há dezenas de anos roubam a vida, a dignidade e os sonhos dessas populações. Ao contrário, volta-se raivosa contra aqueles que com o trabalho e o sacrifício, às vezes, de uma ou duas gerações, conseguiram obter lucros e acumular riqueza, a ponto de oferecer alguma possibilidade de trabalho e renda para os que não conseguiram sair da miséria.

Ao invés de promover uma “caçada” relativa aos políticos corruptos que dominam o ambiente material, relegam os valores éticos e vendem suas almas pelos vultosos recursos que desviam dos programas de oferta de bens públicos, a Igreja de Roma faz jorrar sobre a iniciativa privada uma avalanche de críticas voltadas para a necessidade de proteger as pessoas dos “azares” da vida. Dessa forma, propõe um modelo no qual as relações econômicas sejam motivadas pela boa vontade e preocupação com o outro, com justiça e correção. Creio que os esforços privados suplantam em muito a oferta de benefícios para a população, relativamente ao setor público e à própria Igreja.

Atribuir críticas ao sistema capitalista, através de instruções confusas e imprecisas, é muito fácil. No entanto, embora o processo seja irregular, sujeito a crises, às vezes errático, é o único com poder de revitalização, dinamismo e busca de soluções funcionais para problemas específicos dentro da estrutura. Os benefícios são maiores que os prejuízos, para a população como um todo. A ganância praticada por avarentos e ambiciosos está presente em qualquer estrutura. Aliás, fora do capitalismo ela é devastadora!

A forte defesa do capitalismo moderno está, justamente, na preocupação com o bem-estar do outro, na corrente humanista que abraça causas importantes na condução da vida e da plenitude do homem, aqui no Brasil e noutras regiões do mundo.

Profª. Solange de Melo M N Borges

Economista, Profª. de Economia, Pós-Graduação pela PUC/MG

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