Desde que percebeu ser presa fácil para as imensas feras da floresta, o bicho-homem vive em grupos. Formava bandos nômades e tentava, ao máximo, não dizimar sua própria espécie, visto que estaria gerando o enfraquecimento grupal.
Como a água sempre foi vital para a sobrevivência, os bandos se instalavam próximos às nascentes, formando aí seus povoados.
Extrativistas, coletavam o que havia de melhor em volta e, zerado o estoque, levantavam acampamento, partindo para locais menos explorados.
No girar dos séculos, o “macaco esperto” multiplicou seus bandos e povoou o planeta. Hoje não mudamos mais de acampamento premidos pela necessidade de coletar. Mudamos quando o sítio a que pertencemos não nos oferece qualidade de vida.
Uberaba, com suas colinas e riachos, já passou por vários estágios em sua trajetória enquanto comunidade. Para ficar em exemplos mais recentes, tivemos gestores como o engenheiro Wagner do Nascimento, que promoveu uma grande expansão em áreas destinadas à atração de novas empresas, os “Distritos Industriais”. A ordem era crescer a qualquer custo. Ou, gestores como o saudoso Hugo Rodrigues da Cunha, que defendia a ideia de comunidades menores, porém com excelente qualidade de vida.
O Brasil se espalha por 8,5 milhões de quilômetros quadrados, tem cerca de 220 milhões de habitantes agrupados em pouco mais de 5,5 mil municípios. Um pouco mais ao norte, com 10 milhões de km², perto de 320 milhões de habitantes, os EUA possuem nada menos que 30 mil municípios! Tamanho é documento?
Bem aqui, ao lado, temos a pequenina Aramina (SP), tão bem conhecida por nossa atual secretária de Governo, Indiara Ferreira. Com seus cinco mil habitantes e um IDH idêntico ao de Uberaba, com seus quase 400 mil habitantes...
Basta olhar esses números para concluir que a questão da qualidade de vida não está absolutamente atrelada ao tamanho dos povoados.
O que realmente é necessário e se espera do gestor municipal é sua preocupação com o BEM-ESTAR DE SEU POVO. Boas opções de lazer, oferta de empregos condizente e educação de primeira linha para os jovens. É o que diferencia uma grande cidade de uma cidade grande.
Para você, que nos acompanhou até aqui, deixo a pergunta: Uberaba precisa crescer mais?
Tharsis Bastos - Jornalista
