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Sede e fome

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 17/06/2022 às 21:29Atualizado em 18/12/2022 às 22:16
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O processo de preservação da vida humana depende de água e de alimento. É possível considerar aqui principalmente dois aspectos de fundamental importância, que são o dado físico e o espiritual da pessoa. Ambos os casos necessitam de cuidados para ter continuidade na sua própria existência. O descuido pode provocar o definhamento físico e espiritual, a perda de resistência e até a morte.

O primeiro aspecto, isto é, a condição física, tem sido muito ameaçada no Brasil dos últimos tempos. Quanto à sede, mesmo com tanta água potável, há muita contaminação e carência de tratamento em muitas comunidades, fonte de doença para muita gente. A fome é outra questão lamentável, porque o contingente de pessoas sem o que comer é assustador, num país que produz tanto alimento.

A preservação e qualidade da água potável e a existência de alimento, em um determinado país, dependem muito de vontade e de ações políticas autênticas. Cada país precisa assegurar a qualidade de vida para sua população, fazendo uma política preocupada com o bem comum, sem privilegiar esse ou aquele grupo, porque isso pode prejudicar e levar ao sofrimento grande número dos cidadãos.

Na dimensão bíblica, há uma igualdade fundamental entre as pessoas. Em Cristo somos um só e todos herdeiros da bênção de Deus (cf. Gl 3,28-29). A igualdade se refere aos direitos e deveres, à dignidade própria de cada indivíduo, mas numa sadia diversidade nos amplos campos da ação humana. Cada pessoa é ela mesma com a identidade adquirida no ato de sua concepção no seio materno.

Perante uma cultura que apresenta, de inúmeras maneiras, caminhos cheios de ilusões, que provocam um conciso esvaziamento na vida das pessoas, existe uma grande sede e uma gritante fome de Deus, para preencher seus vazios existenciais. Essa influência é tão determinante que até dificulta a tomada de decisão com verdadeira convicção e determinação por parte de muitas pessoas.

Como consequência natural das condições de sede e de fome numa determinada população, devemos evidenciar ainda muitos outros aspectos preocupantes. Entre eles estão a questão psicológica, a baixa autoestima, indiferentismo, o mundo dos vícios e das drogas, violência, etc. O desafio é a escolha de lideranças comprometidas com a busca de soluções para essa realidade que fragiliza a população.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

 

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