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Rumos do progresso

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 13/11/2020 às 19:20Atualizado em 18/12/2022 às 10:49
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Diante de todo desenvolvimento econômico e tecnológico da atualidade, parece existir um silêncio internacional em relação à fome suicida de milhões de crianças reduzidas a esqueletos humanos, por causa da inaceitável pobreza em diversas partes do mundo. Por causa do isolamento e fechamento em nós mesmos, falta uma fraternidade globalizada que consiga criar a cultura do encontro fraterno.

Parece não existir hoje uma corrida desenvolvimentista com objetivos comuns. O que está acontecendo é um aumento sensível de distância entre o bem-estar pessoal e uma felicidade partilhada. Falta no progresso tecnológico, que avança cada vez mais, equidade e inclusão social. Ainda bem que a pandemia da Covid-19 veio alertar o mundo sobre a necessidade de uma “pertença como irmãos”.

A mente econômica global vem reduzindo investimentos nos “custos humanos”, mas a pandemia veio cobrar maior atenção pelo ser humano fragilizado pelo perigo da contaminação e da morte. Papa Francisco diz que o fechamento e solidão do novo progresso faz o mundo perder “o gosto da fraternidade”. A hora é de repensar os nossos estilos de vida, nossas relações e organizações.

Todo desastre mundial que vem acontecendo nos últimos tempos, com consequências desastrosas para a humanidade, revela uma prática de atropelos causando na natureza “uma realidade que geme e se rebela”. No fim da crise sanitária o mundo não pode continuar num “consumismo febril e em novas formas de proteção egoísta”, senão estaremos “comprando” nossa própria destruição.

Continuar ainda com um estilo de vida sem levar em conta a identidade de pertença e solidariedade, no estilo de vida consumista, com o princípio de “salve-se quem puder”, teremos como resposta o lema “todos contra todos”, que será pior do que a atual pandemia da Covid-19. Descartar a prática de solidariedade significa descartar quem migra por circunstâncias que afetam a dignidade humana.

Por diversas situações, as pessoas migram. Isso causa muitos transtornos principalmente o desenraizamento das famílias, fazendo com que seus membros se tornem vulneráveis e “presas fáceis” das organizações do tráfico inescrupuloso. Com facilidade as pessoas caem no mundo da droga e na prática da violência. Seria melhor se não houvesse migrações forçadas pelo progresso de hoje.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.

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