ARTICULISTAS

A raiz dos males

Muitos dos erros que as pessoas normalmente cometem têm sua origem nas atitudes de arrogância

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 27/09/2019 às 21:35Atualizado em 18/12/2022 às 00:37
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Muitos dos erros que as pessoas normalmente cometem têm sua origem nas atitudes de arrogância. Acontece que a arrogância não tem um futuro promissor, porque ela é acompanhada por uma prática de superficialidade. Faltam-lhe os fundamentos éticos e de respeito para com quem é, arbitrariamente, atingido. Na raiz de tudo estão a esperteza e o exercício irresponsável de oprimir o outro. 

Nas atitudes sem misericórdia de arrogância, onde estão presentes também a opressão e a impunidade, os outros devem ser eliminados, porque são incômodos. Falta o sentimento de que o mundo foi criado para dar possibilidade de vida para todas as pessoas, sejam ricas ou pobres. É como o direito constitucional de ir e vir, exceto nas impossibilidades físicas ou por decisão judicial.

O luxo e a riqueza adquiridos com exploração, sem um constrangimento ético ou moral, podem ser provocadores de arrogância e empobrecimento de muita gente. São práticas sem segurança, principalmente quando a confiança está em si, e não em Deus. Em relação a tudo isso, o profeta Amós é muito incisivo quando diz: “Ai dos que se deitam em camas de marfim...” (Am 6,4s).

Para que o mal seja evitado, o modelo a ser seguido é o de Jesus Cristo, que usou palavras mostrando as raízes do mal e assumiu, conscientemente, a via da paixão e de sua morte na cruz. Só é possível construir a identidade das pessoas ensinando-as a viver o bem e evitar o mal, a ter a conduta de Deus. O apóstolo Paulo chama o amigo Timóteo de “homem de Deus” (I Tm 6,11).

Na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) encontramos um abismo, um muro entre duas pessoas. Detectamos aí uma situação privilegiada do rico, que trata o outro num formato de arrogância, e um pobre considerado descartado da sociedade. O rico tem tudo, menos nome, portanto, sem identidade. O fim dos dois foi a morte, chegando a destinos eternos bem diferentes.

Os arrogantes são tão convencidos que dificilmente exercem a prática da compaixão. Eles se acham como pessoas realizadas e sem necessidade de ajudar os desfavorecidos da sociedade. Mas isso acontece sem se darem conta de que o acúmulo desvirtua o caminho das pessoas. Muitas delas vivem fartas de bens materiais e vazias em sua dimensão existencial. Na verdade, falta-lhes a dimensão divina. 

(*) Arcebispo de Uberaba

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