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Uma receita de Portugal

Mário Salvador
Publicado em 26/05/2020 às 06:56Atualizado em 18/12/2022 às 06:36
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Um amigo voltou de Portugal encantado com a proveitosa viagem turística, ainda antes das restrições da quarentena, bastante severa naquele país. Esteve em cidades como Porto, Coimbra, Lisboa, Fátima, Sintra e apreciou o Rio Tejo, castelos, praias, calçadas, museus, igrejas, a arquitetura, monumentos, jardins e cafés.

E concordou com a ideia de que “quem vai a Portugal e não traz galinhos de Barcelos não foi a Portugal”. Realmente o galinho é vendido em todo o país, de diversas formas: em gesso, louça, prata e estampado em lembrancinhas.

Perguntei ao amigo se ele teve oportunidade de comer pastéis de Belém. “Muitas vezes! Uma delícia!” – disse-me, entusiasmado.

Na minha primeira viagem à Terrinha, também fui, com minha esposa Carmen, a filha Ana, o genro Sérgio e o neto Christian, a Belém, freguesia do concelho de Lisboa. Lá, chegamos a subir na Torre de Belém, lugar de onde partiam as caravelas portuguesas para conquistar muitas terras, dentre elas, o Brasil. Valeu a visita! Ali pertinho, admiramos o imponente Padrão dos Descobrimentos e a Igreja de Santa Maria de Belém (com lindos vitrais) – anexa ao Mosteiro dos Jerónimos.

Em seguida, a filha, que reside há anos em Portugal, levou-nos à confeitaria Pastéis de Belém, onde se come o legítimo pastel de Belém, essa maravilhosa tortinha de massa folhada crocante com recheio de creme... A viagem poderia ter findado ali. Sem exagero... Na confeitaria, que é até pequena, se comparada à fama do doce, um espesso vidro transparente permite ver parte da cozinha onde são preparados os pastéis de Belém. E são muitos os pasteleiros! Todos apressados, compondo memorável cena, prazerosa se de ver! Nos muitos salões da confeitaria, sempre lotados, há vários conjuntos de mesas com quatro cadeiras. Tem-se a impressão de que Portugal em peso passa por ali em algum momento do dia!

Como também levamos pastéis de Belém para casa, pudemos ler, na caixa, a história desses formidáveis doces feitos desde 1837, sempre de forma artesanal, conforme antiga receita original do Mosteiro dos Jerônimos. Assim, hoje os pastéis de Belém nos proporcionam o mesmo sabor da antiga doçaria portuguesa.

Há pastéis de nata em vários lugares de Portugal e em outros países. Mas o legítimo pastel de Belém, uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa, que surgiu no Mosteiro dos Jerónimos e cuja receita é secreta, é apenas o que é feito nessa confeitaria (uma vez que o nome foi patenteado) e tem sabor inigualável.

Portugal, com dez milhões de habitantes, recebeu, em 2019, mais de vinte milhões de turistas, que rechearam os cofres lusitanos. E, valendo o trocadilho, o turismo português tem uma receita que o Brasil bem que podia tentar copiar.

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