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Chove chuva

Há pouco tempo, preparei (mas não publiquei) um artigo comparando a estação das chuvas

Mário Salvador
Publicado em 16/03/2020 às 17:55Atualizado em 18/12/2022 às 04:56
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Há pouco tempo, preparei (mas não publiquei) um artigo comparando a estação das chuvas em nossa cidade com a de algumas outras, como Belo Horizonte e São Paulo, nas quais as águas de março ocasionaram mortes, além de estragos de monta. Ressaltei que, até aquela data, a intensidade das chuvas em Uberaba não havia causado estragos significativos. 

Preparava-me para enviar a matéria para o Jornal da Manhã, quando notei o tempo fechado, prenúncio da chuva intensa que, de fato, caiu. E, com ela, vieram os danos materiais. A mídia mostrou carros rodando, casas e estabelecimentos comerciais alagados, asfalto danificado... Imagino a ironia da situação se fosse publicado, justamente no dia desse temporal, o artigo dizendo que passamos, sãos e salvos, pela temporada de chuvas...

Já agora (cruzo os dedos), parece-me viável escrever sobre o tema, pois a temporada de chuvas se aproxima do fim. E Uberaba esteve em melhor situação este ano do que a Baixada Santista – que, com as chuvas, que provocaram inclusive deslizamentos de terra em morros da região, contabilizou mais de quarenta mortos, dentre eles dois bravos bombeiros.

Apesar de Uberaba ter registrado um número menor de problemas este ano, a cidade já teve chuvas arrasadoras, mesmo quando o córrego da avenida Leopoldino de Oliveira corria a céu aberto. Muitas vezes as águas saltavam do leito do córrego e ocupavam as duas pistas da avenida.

Certa vez, um temporal parou o centro da cidade, quando já estava instalada em Uberaba uma filial do Bretas, na esquina da rua Jaime Bilharinho com a avenida Leopoldino de Oliveira – por onde muita água rolou. Um cidadão conseguiu se segurar em algum poste e teve a sorte de não ser levado pelas águas... Porém, elas arrastaram dois automóveis, que nunca foram recuperados.

Outro temporal me deu trabalho. A diretora da Biblioteca Municipal, senhora Laís Bilharinho, avisou-me que a sede da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, no térreo da Biblioteca, havia sido invadida pelas águas. Salvamos tudo o que foi possível. Livros e documentos de estantes ou arquivos mais altos foram poupados pelas águas. Depois disso, passei bom tempo na labuta para recuperar jornais e livros valiosos... E sempre que chove mais intensamente, penso nesse episódio.

Todo uberabense tem histórias de chuva para contar. Alguns conhecem bem as adversidades provocadas por chuvas intensas. E agricultores e pecuaristas se beneficiam sobremaneira com a chuva mansa que cai na hora certa. Para quem leva crianças à escola, chuva em horário de entrada ou saída das aulas pode ser um transtorno. 

De qualquer forma, atrasando ou adiantando, reza o folclore que a enchente de São José, presságio de um ano bom em relação às águas, marca o fim do período mais intenso das chuvas. Vida que segue.

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