Questão de Justiça ou Injustiça

Acredito que, como eu, muitos se sensibilizaram com a história do juiz que julgou um pedido de aposentadoria de uma forma bastante louvável. 

Em um dia de audiência, foram muitos os casos julgados com a presença dos interessados na ação judicial. Mas o peticionário de uma ação específica de aposentadoria não compareceu à audiência, por estar de cama.

Considerando esse fato, o juiz decidiu: se o réu não podia ir ao julgamento, ele (o juiz) iria até o réu. Com o processo na mão e acompanhado da secretária, o magistrado visitou o requerente para ouvi-lo e dar a sentença. Encontrou o peticionário acamado, vítima de câncer, em estado crítico.

Com paciência e respeito, o juiz fez diversas perguntas ao requerente, que, com dificuldade para falar, sussurrou as respostas. E o juiz despachou favoravelmente à aposentadoria rural do requerente, ação que corria há dois anos.

Embora o peticionário tenha ficado satisfeito com a conquista, não chegou receber o primeiro pagamento da aposentadoria, pois faleceu logo após a audiência. Mas, pela engenhosa atitude altruísta do juiz, o requerente deixou uma pensão para a viúva – um alento para toda a família.

É provável que outros juízes já tenham agido de maneira análoga, porém atitudes inspiradoras nem sempre são divulgadas pela mídia.

Mas agir com justiça não é algo natural no ser humano. Políticos e empresários corruptos, bem como membros do PCC, estão ovacionando os deputados que, em votação em bloco (que se distingue daquela em que cada deputado declara sim ou não, em votação explícita), aprovaram uma lei que livra os corruptos das grades. O partido votou por eles. Em poucos segundos, o Presidente da Câmara bateu o martelo e a lei foi aprovada, para a nossa total indignação. 

Quando a justiça não se processa por intermédio dos homens, resta-nos fé apenas na justiça divina, que nunca nos desampara.