ARTICULISTAS

Feminicídio

A cada hora, seis mulheres no mundo são vítimas de feminicídio

Mário Salvador
Publicado em 01/07/2019 às 18:53Atualizado em 17/12/2022 às 22:06
Compartilhar

A cada hora, seis mulheres no mundo são vítimas de feminicídio. No Brasil, esse índice é de uma mulher a cada duas horas. Feminicídio – termo que vem sendo questionado por muitos – é o caso de assassinato da mulher em crime de ódio motivado pela condição de ela ser mulher. 

Casos de agressão à mulher não constituem uma novidade. Acontecem há tempos. Minha santa mãe contava que, na década de quarenta, quando morávamos na rua Padre Lafaiete, em Araguari, as portas das casas ficavam abertas durante o dia e as pessoas se visitavam com frequência, tanto para levar um agrado quanto para um momento de prosa. E os vizinhos se davam muito bem. Um dia, um morador se mudou dali e um casal passou a ocupar a antiga residência dele. Logo a vizinhança ficou sabendo que o marido dava severos safanões na esposa. E, apesar de ela gritar por socorro, ninguém ia lá aplacar a fúria do homem. Porém, um dia, a surra foi pior do que o costume. Assim que o marido saiu para o trabalho, os vizinhos correram para socorrer a mulher. Em meio à ajuda, alguém sugeriu àquela mulher que abandonasse o marido e voltasse para a sua família. O que a mulher disse intrigou a todos: “Não largo dele porque gosto muito dele.” Com essas palavras, a mulher legitimou o comportamento abusivo do marido e encerrou a conversa com os vizinhos.

Na época, com esse desfecho, falou mais alto, para os vizinhos, o provérbio ultrapassado, que foi cunhado num tempo machista e conservador: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher.” De sabedoria esse provérbio nunca teve nada. Violência não é normal; é crime. Em briga de marido e mulher, deve-se meter a colher, sim, e ligar 180 - número que recebe denúncias anônimas de assédio e violência contra a mulher. Canais de denúncia são confidenciais, gratuitos e funcionam o dia todo. E uma denúncia pode evitar novas agressões e morte.

Dados de agressão contra mulheres apenas contemplam queixas apresentadas em delegacias especializadas no atendimento à mulher; isso porque muitas mulheres se recusam a apresentar queixa contra o agressor, por temerem ser mortas por ele. Mas, uma vez que buscam proteção na delegacia, recebem atenção das autoridades. Apesar de todos os esforços, há casos em que medidas protetivas não bastam para refrear, no homem, o desejo de agredir ou matar a companheira. 

Agressão contra a mulher e feminicídio são crimes que estão atrelados a números expressivos e a muito sofrimento de toda a família. É preciso, sim, denunciar casos de agressão. Fazemos parte de uma sociedade. E a sociedade não pode ser omissa. Xô, para a nossa conivência com pensamentos machistas!

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por