ARTICULISTAS

Imunização da Criança

Dioclécio Campos Júnior
Publicado em 07/01/2022 às 20:29Atualizado em 18/12/2022 às 17:37
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A imunização vacinal do ser humano é, sem dúvida, uma das maiores conquistas científicas no campo prioritário das ações preventivas destinadas à promoção da saúde. Boa parte das doenças infecciosas que causavam grandes agravos ao organismo das pessoas foi controlada por meio das respectivas vacinas aplicadas na maioria das populações. Algumas já desapareceram do Planeta, como a varíola. Outras, como sarampo, rubéola, varicela, poliomielite, coqueluche, febre amarela e algumas mais já estão bem removidas do cenário infeccioso. É uma clara evidência científica da eficácia das práticas de vacinação, que sempre envolveram, de forma preponderante, a faixa etária da infância.

Diante do inferno dantesco a que a pandemia do coronavírus tem condenado a população mundial, fica claro que nosso país politizou completamente a questão, cometendo verdadeiros crimes, com adiar o início da vacinação, defender como primazia o tratamento da enfermidade com drogas que nada têm a ver com a prevenção da doença, desestimular as medidas sanitárias que contribuem verdadeiramente para com a redução da transmissibilidade do vírus. E, mais recentemente, o cúmulo do desrespeito contra a população infantil foi revelado pelas autoridades do governo ao se posicionarem contra a vacinação de crianças ou somente vacinar aquelas que tiverem a prescrição médica correspondente.

Além do desprezo para com essa faixa etária, que é definida como prioridade absoluta no artigo 227 da Constituição, esse grave posicionamento confunde os conceitos pertinentes. De fato, vacina não é medicamento para tratar doença instalada no organismo humano. É, ao contrário, a substância que estimula a sua imunidade contra o agente etiológico da doença, impedindo que seja contraída. Interrompe-se, assim, o poder de transmissão da enfermidade, impedindo lesões corporais que podem levar à morte.

Felizmente, na consulta pública realizada a propósito da vacinação da criança contra o coronavírus, o governo foi derrotado. A maioria dos que participaram da iniciativa revelou seu compromisso com a promoção da saúde da criança, mostrando que boa parte de nossa sociedade tem a percepção de que a infância saudável é o verdadeiro alicerce da cidadania.

Dioclécio Campos Júnior

Médico pediatra, uberabense, formado pela FMTM, hoje UFTM; ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria por dois mandatos, Membro Titular da Academia Brasileira de Pediatria, ex-presidente da Global Pediátrica Educativo Consortium (GPEC), professor emérito da UnB

 

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