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Francisco Lopes Veludo

Gilberto Rezende
Publicado em 12/03/2022 às 11:33Atualizado em 18/12/2022 às 18:46
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Vencemos! Este grito, saído das gargantas entaladas de uma multidão postada à frente da casa de Francisco Lopes Veludo, mais conhecido como Chico Veludo, em Uberaba, era o atestado de sua vitória na sua aguerrida campanha, em que, pela segunda vez, disputava os votos para a eleição a prefeito municipal, naquele distante ano de 1966. Chico conseguiu exatos 7.854 votos, mil a mais do que seu adversário mais próximo.

Chico, em sua primeira eleição para prefeito, em 1962 (PL-PTB), havia conseguido 6.160 votos, contra 8.376 de João Guido (UDN-PR) e 9.061 do vencedor do pleito, Artur de Melo Teixeira (PSD-PSP-PSB).

Nesta eleição de 1966, sua segunda tentativa, Chico Veludo concorreu sozinho em seu partido (MDB) contra três candidatos abrigados nas sublegendas 1, 2 e 3 da Arena – José Tomás da Silva Sobrinho (5.198), Helvécio Moreira de Almeida (4.282) e João Guido (6.830), que totalizaram 16.310 votos.

Consideradas as sublegendas como coligação da Arena, o TSE declara João Guido o vencedor do pleito. Num universo de 24.164 eleitores, o MDB ficou com cerca de 1/3 dos votos, contra 2/3 da Arena.

Apesar da grande frustração, Chico Veludo não desistiu. Nas eleições de 1970, pela terceira vez, mesmo concorrendo contra três candidatos, obteve, através do PDT, 25,43% dos votos, ficando à frente de Mário Palmério e Artur Teixeira. O vencedor deste pleito foi Arnaldo Rosa Prata, com 44,13% dos votos válidos.

Chico Veludo se lançou na Política em 1959. Segundo Paulo Silveira, seu grande amigo, com apenas dez dias de campanha eleitoral, ele se elegeu vereador pelo PTB, com a maior votação, numa época em que não existia remuneração para o cargo. Em 1960, assumiu a presidência da Câmara Municipal.

Neste mesmo período, elegeu-se prefeito de Uberaba o seu amigo e companheiro de partido Jorge Furtado (1959-1962), que lhe entregou a Superintendência do Departamento de Águas, onde, sem remuneração, prestou relevantes serviços na ampliação do sistema de distribuição.

Francisco Lopes Veludo, nascido em 1920, foi um homem íntegro e severo, nas palavras de seu filho Roberto Veludo, que perdeu seu pai com apenas 13 anos de idade. Política era apenas uma das facetas. Foi um grande empreendedor, envolvido e comprometido com a expansão de todos os segmentos econômicos da cidade.

Seus múltiplos negócios, segundo relatos de seu sócio Alcides Caetano, estendiam-se para o setor de transportes (Líder e Viação Asa Branca), distribuição de veículos Mercedes-Benz (Regina Veículos), loja de autopeças (MotoRauto) e recuperação de motores (Retificadora Boa Vista).

Até na área científica Chico Veludo deu sua grande contribuição. Pelo relato de Dr. Celso Salgado, foi na Retificadora que se processou, sob a orientação de Dr. Adib Jatene, a primeira máquina de circulação extracorpórea (coração artificial), que propicia a realização de cirurgia cardíaca, parando o coração, mas mantendo uma circulação sanguínea paralela, que se tornou muito importante na década 1960.

Diversas cirurgias em cachorros foram realizadas pelo Dr. Adib Jatene, na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, acompanhado de Chico Veludo e sua equipe, conforme depoimento de Alcides Caetano para o Jornal da Manhã, em maio de 2013.

Era sonho de Chico Veludo implantar uma Companhia de Águas. Mas, somente no governo de seu adversário político, Artur de Melo Teixeira, em seu segundo mandato (1963-1966), é que este sonho se transformou em realidade.

Em janeiro de 1966, Artur Teixeira tomou a iniciativa de criar uma Companhia Mista para administrar o sistema de distribuição de águas, enviando para a Câmara Municipal o Projeto de Lei N.º 1.448, que foi aprovado em 7 de junho de 1966.

Nasceu assim, oficialmente, a Codau, com sua primeira Diretoria – presidente, Léo Derenusson; diretor administrativo, Gilberto de Andrade Rezende, e diretor financeiro, Padre Antônio Fialho. A diretoria técnica foi entregue a Geraldo Barbosa, até então responsável pelo Departamento de Águas.

Francisco Lopes Veludo, vítima de um acidente no rio Paranaíba, faleceu em 1971, aos 51 anos de idade.

Em 2005, no governo de Anderson Adauto, a Codau, sob a presidência de José Luiz Alves, em homenagem ao grande guerreiro, designa o nome de “FRANCISCO LOPES VELUDO” para a primeira ETE – Estação de Tratamento de Esgoto. É também nome de rua no bairro Cássio Rezende e da sala da Presidência da Câmara Municipal.

Fontes: Jornal da Manhã/Paulo Silveira/Alcides Caetano/Celso Salgado/Roberto Veludo

P.S.: Os dados eleitorais são de autoria de Tião Silva

Gilberto de Andrade Rezende

Ex-presidente da Aciu e do Cigra e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

 

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