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Edelweiss Teixeira

Gilberto Rezende
Publicado em 24/12/2021 às 16:05Atualizado em 19/12/2022 às 00:38
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“A ponte caiu, é mentira – Olha a chuva, é mentira”. Se nas décadas de 1960, 1970 e 1980, você já ouviu essas expressões na porta de algum colégio durante os meses de junho e não entrou, você perdeu uma grande oportunidade de ver a apresentação de um dos maiores folcloristas que Minas Gerais já conheceu, Dr. Edelweiss Teixeira, na marcação de uma “quadrilha”.

Edelweiss, nascido em 1909 na cidade de Pouso Alegre, MG, viveu 35 anos em Belo Horizonte, tendo se formado como violinista, regente de Canto Orfeônico em 1929 e em Medicina em1934.

Foi Oficial Militar Dentista na Revolução de 1930 e atuou nas termas de Araxá.

Após publicação em diversos periódicos por vários anos, escreveu em 1942 sobre a cidade de Santa Luzia e publicou sua primeira monografia em 1943, “Contribuição para a História das Minas Gerais”, como membro do Instituo Histórico de Minas, após 12 anos de pesquisa.

Em 1944, ingressa, através de concurso, no serviço público federal, tornando-se inspetor federal do Ensino Médio e escolhe a cidade do Prata para início de carreira, onde conheceu Inês Resende e com ela se casou em 1947.

Em 1948 publica seu 2º livro, A História de Minas Gerais, e se muda para a recém-emancipada cidade de Ituiutaba, em 1951, onde exerceu ainda a regência do Coral do Instituto Marden.

Em 1953, publicou na Revista Acaiaca sua pesquisa sobre o desenvolvimento do Pontal do Triângulo Mineiro, enfocando principalmente a cidade de Ituiutaba.

Em 1959, recebe o convite para lecionar na recém-formada UFTM –Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e muda-se para Uberaba.

Em 1962, ele cria a 1ª. Semana do Folclore, na praça da igreja Santa Rita, e em 1963 produziu a peça de teatro “Auto das Pastorinhas”, onde todos os seus filhos foram parte integrante.

Em 1964, é juiz de grupos de Catira na cidade de Barretos, SP. Em 1965, com a criação do Instituto do Folclore do Brasil Central, consegue o grande feito de estabelecer em nível estadual a “SEMANA DO FOLCLORE”.

Foi um dos fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e foi empossando em 1966, ocupando a cadeira 32.

Em 1967, escreveu A História do Prata em comemoração do centenário da cidade e foi homenageado com o título de Cidadão Pratense.

Em 1970, foi convidado para administrar a Faculdade de Ciências e Letras de Ituiutaba.

Em 1979, aposentando-se das atividades profissionais, retornou para a cidade de Uberaba, continuando a ensinar para grupo de alunos de diversos colégios a arte do folclore e a comemorar os dias de Santo Antônio, São João e São Pedro, nas festas juninas.

Em 5 de julho de 1984, recebe o título de Cidadão Uberabense, outorgado pela Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Professor Murilo Pacheco de Menezes.

Em 1986, escreveu o artigo “Como Surgiu Uberaba”, para o Arquivo Público de Uberaba.

Em 2001, por iniciativa de sua filha Lélia Inês Teixeira e sob o patrocínio da Adebraco, entidade criada pelo deputado federal Narcio Rodrigues, sua obra O Triângulo Mineiro nos Oitocentos, contando a história do nascimento desta região, bem como o nascimento de suas cidades, é resgatada através da edição de um livro. O historiador Jorge Alberto Nabut comenta que ainda não foi mensurado o real valor que esta obra representa para a história regional e nacional.

Desde 1970 até sua morte, ocorrida em 2 de novembro de 1986, Edelweiss Teixeira viveu com sua família em sua residência, localizada na Rua Segismundo Mendes, bem em frente à igreja São Domingos.

Foi pai de cinco filhos: Beethoven Luis Teixeira, residindo atualmente em Peirópolis, foi o que herdou o gosto pela preservação das tradições culturais. Leonardo José de Resende Teixeira é geógrafo, residindo em Araçuaí e Belo Horizonte. Os demais filhos são hoje apenas saudades. O primeiro a falecer foi Mozart Alexandre Resende, em 2008. Em 2016, faleceu Lélia Inês de Teixeira Resende, psicóloga e ex-vereadora. Mais recentemente, em 2020, faleceu na cidade de Uberlândia o médico pediatra Edelweiss Teixeira Junior.

Edelweiss Teixeira sempre viveu com muita intensidade, disseminando conhecimentos, pois, além de Professor, era Poeta, Historiador, Botânico e formado em Medicina, Odontologia, Música e Regência.

Cabe a ele o resgate das Tradições Folclóricas do Triângulo Mineiro e o conhecimento que temos de grande parte da história desta região. Seu acervo foi doado para o Arquivo Público de Uberaba.

Pelas suas realizações na área cultural, Terezinha Hueb, proprietária do Colégio Nossa Senhora das Graças e presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, fez uma declaração à imprensa, sugerindo que a Fundação Cultural de Uberaba tivesse o nome de “Edelweiss Teixeira”.

Tive a honra da convivência de sua amizade e da sua família, de participar do Instituto Folclórico por ele implantado e ainda tive a oportunidade de ser parceiro em alguns de seus programas de natureza cultural.

Em 1987, no 29º Festival de Folias de Reis, realizado nas dependências do UTC – Uberaba Tênis Clube, milhares de Foliões e devotos homenagearam Edelweiss Teixeira, com “UM MINUTO DE SILÊNCIO”.

“Edelweiss Teixeira” é o nome de uma rua localizada no bairro Santa Marta”.

Fontes: Arquivo Público – Jornal da Manhã - Beethoven Luis Teixeira.

Gilberto de Andrade Rezende

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e do Instituto do Folclore do Brasil Central

 

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